Título: Área química impulsiona exportação da Rhodia
Autor: André Vieira
Fonte: Valor Econômico, 25/10/2004, Empresas & Tecnologia, p. B-1

A Rhodia Brasil, empresa de especialidades químicas, está prestes a bater seu melhor resultado da década em exportação. Embalada pelo desempenho de outros segmentos industriais, a filial brasileira da multinacional francesa deve vender neste ano US$ 130 milhões no exterior. Esse resultado é em grande parte puxado pelos embarques da divisão de química de performance, que já cresceram 50% e devem atingir US$ 85 milhões. A divisão, responsável por produtos como solventes, tintas e vernizes, pneus e artefatos de borracha, intermediários farmacêuticos e insumos para perfumaria, alcançou a relação de 65% de vendas no mercado brasileiro e 35% em exportação. "Esse crescimento não está limitado a uma recuperação política e econômica da região latino-americana, mas relacionado a uma organização da rede de distribuição e de vendas", disse o vice-presidente da área de química de performance da Rhodia para a América Latina, Mário Lindenhayn. A região latino-americana representa ainda a maior parcela das vendas da filial brasileira (35%), mas a empresa tem conquistado novos mercados, como o asiático, que já corresponde hoje por 15% das exportações. Entre os destinos nessa região sobressaem Índia, Tailândia e China. A Europa e os Estados Unidos complementam a outra metade. Indústrias como a automotiva, moveleira, calçadista, farmacêutica, entre outras, têm melhorado o desempenho da subsidiária. E a companhia mantém o otimismo para 2005, quando projeta vender no exterior US$ 150 milhões, dos quais pelo menos US$ 100 milhões da divisão química. O desempenho da filial brasileira se destaca depois da reestruturação pela qual passou o grupo internacionalmente. A Rhodia atravessou um momento difícil nos últimos tempos quando. A companhia, pressionada por uma pesada dívida financeira, teve de desfazer-se de áreas importantes de negócios, como a de fosfatos e ingredientes alimentícios. A mudança na estrutura teve pouco impacto na operação brasileira - representou menos de 2% do seu faturamento, que alcançou US$ 600 milhões no ano passado. Na região latino-americana, o processo foi concluído. Em outras regiões, principalmente na Europa, onde está sediada, a Rhodia continua enxugando sua estrutura, demitindo pessoal e fechando fábricas. Com a dívida renegociada, a fabricante francesa voltou a vislumbrar um cenário mais claro. Depois da Ásia, onde a empresa tem concentrado grandes investimentos, a região latino-americana é uma das que apresentam maior potencial de crescimento. Diante das pressões sobre os custos de matérias-primas, por conta da disparada dos preços dos produtos petroquímicos, a empresa tem conseguido, segundo Lindenhayn, manter suas margens. "A Rhodia possui contratos a longo prazo com os fornecedores que garante o suprimento de matéria-prima sem grandes pressão de custos", disse o executivo da subsidiária. Recentemente, a Rhodia aprovou investimento de US$ 2 milhões para ampliar sua capacidade de produção de solventes e derivados. A planta industrial, que já tinha recebido um aporte de investimentos de US$ 5 milhões no início do ano para alcançar a capacidade anual de 220 mil toneladas, deverá aumentar para 250 mil por ano a partir de janeiro de 2005. Suas principais fábricas no país ficam em Paulínia e no ABC paulista. Em junho, a Rhodia inaugurou sua unidade industrial ampliada de fenol e acetona, um investimento de US$ 10 milhões. A nova capacidade é de 165 mil toneladas. Os resultados globais da Rhodia referentes ao terceiro trimestre serão divulgados, em Paris, nesta quinta-feira.