Título: Companhia abriu portas para a Íntegra
Autor: Talita Moreira
Fonte: Valor Econômico, 25/10/2004, Empresas, p. B-4

Era dezembro do ano passado quando Oscar Bernardes recebeu um telefonema de um velho conhecido - Enrico Bondi, que acabava de ser nomeado interventor da Parmalat na Itália e queria ajuda para salvar o que fosse possível da empresa no Brasil. Dois meses depois, a ligação transformou-se num contrato entre a Parmalat e a Íntegra, consultoria recém-criada por Bernardes e outros quatro sócios. Estava lançado o desafio. A Parmalat tornou-se a grande vitrine e a primeira empresa onde a equipe poderia aplicar o modelo que havia levado os sócios a formar a Íntegra. A consultoria foi criada em novembro do ano passado, quando Bernardes estava assessorando a venda das participações da TIW em operadoras de telefonia no Brasil. Junto dele estava Renato Franco, na época diretor-geral da holding canadense no país. "Quando o processo terminou, chegamos à conclusão de que havia uma falta muito grande de consultorias que pudessem contribuir com experiência gerencial de alto nível, análise estratégica e gestão financeira", diz Bernardes. "As consultorias eram fortes em uma ou outra coisa. Faltava quem reunisse essas três características." Foi aí que os dois saíram à caça dos outros sócios, com a idéia de que cada um agregasse um perfil diferente. Bernardes tinha um histórico em consultorias, já que havia sido presidente da Booz Allen & Hamilton. Também comandou as operações da Bunge no país. Vem daí o contato com Bondi. O executivo italiano negociou a venda de ativos da Erdania, do grupo Ferruzzi-Montedison, para a Bunge. Antes da TIW, Franco havia passado por bancos estrangeiros, como o Bank of America, e por isso tinha experiência em finanças corporativas. Juntaram-se a eles Raul Rosenthal, ex-presidente da American Express; Marco Aurélio Barreto, ex-JP Morgan; e Nelson Bastos, que comandou a Brasil Ferrovias e foi um dos fundadores da Gradiente. Bastos é o braço gerencial do grupo e, não por acaso, tornou-se presidente da Parmalat quando a Íntegra assumiu a administração da companhia. "Somos extremamente complementares. É um dos valores agregados que temos. É o grande diferencial", diz Franco. O foco de atuação da Íntegra é reestruturação de empresas. Bernardes afirma que também há mercado a explorar na área de governança corporativa, já que muitas companhias estão revendo seus processos de controle e divulgação depois de escândalos como os da Enron, Worldcom e da própria Parmalat. A multinacional italiana abriu portas para a consultoria. Quando foi contratada por Bondi, a Íntegra tinha dois clientes. Agora são sete. A equipe, que hoje tem 13 pessoas (incluindo os sócios) também vai aumentar e a consultoria vai se mudar do escritório que ocupa para outro maior. A Íntegra não revela o faturamento, mas a expectativa é de pelo menos dobrar de tamanho em 2005. Para Bernardes, a recuperação do crescimento econômico abre oportunidades. "Quanto melhor vai a economia, mais os grandes grupos estão preparados para se posicionar e fazer novas coisas." "Nesses momentos, empresas familiares estão mais receptivas a se reposicionar", diz Raul Rosenthal.