Título: Copersucar negocia parcerias para crescer
Autor: Cibelle Bouças
Fonte: Valor Econômico, 30/06/2005, Agronegócios, p. B14

Estratégia Cooperativa quer atrair novas usinas para elevar produção de cana e exportação de açúcar e álcool

A Cooperativa de Produtores de Cana-de-açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Copersucar), responsável por 6% das exportações mundiais de açúcar, está negociando associações com novas usinas para elevar a produção de cana em 20% até 2007. "A Copersucar precisa originar mais produção para atender à demanda externa. Para isso, queremos novos associados ou comprar a produção de outras usinas", afirma Hermelindo Ruete de Oliveira, presidente do Conselho de Administração do grupo. A meta, segundo ele, é continuar entre os maiores players mundiais de açúcar e álcool. Oliveira diz que a Copersucar está fechando os últimos acertos para a entrada no grupo de cinco novos cooperados. Além disso, três das atuais 29 usinas cooperadas investem na construção de novas unidades até 2008. O valor dos aportes e o nome das usinas é mantido em sigilo, mas fontes do mercado estimam que a instalação das novas unidades deverão absorver, em média, US$ 60 milhões cada. A cooperativa também estuda parcerias com empresas de combustíveis como Petrobras e Shell para exportar álcool. No ano-safra 2004/05, encerrado em 30 de abril, a Copersucar embarcou 570 milhões de litros - ante 240 milhões no ciclo anterior -, para Suécia, Estados Unidos e Caribe. A expectativa é embarcar 800 milhões de litros na atual safra. Já as exportações de açúcar totalizaram 2,31 milhões de toneladas de açúcar, ante 2,06 milhões na temporada anterior, e a previsão é chegar a 2,37 milhões na safra 2005/06. Já a produção de açúcar das 29 cooperadas cresceu 100 mil toneladas no período, para 3,82 milhões de toneladas. A expectativa para a atual safra é alcançar 3,7 milhões de toneladas. A produção de álcool na safra passada, por sua vez, caiu 7,7%, para 2,63 bilhões de litros, e a previsão para este ciclo é chegar 2,74 bilhões. No ano-safra 2004/05, a receita bruta com vendas da Copersucar foi de R$ 4,304 bilhões, 20% mais que os R$ 3,599 bilhões de 2003/04. Conforme Oliveira, 35% da receita foi obtida com exportações e a meta é ampliar esse percentual para 40% neste ano-safra. Luís Roberto Pogetti, diretor financeiro do grupo, afirma que o resultado refletiu um aumento no volume de vendas, a melhora nos preços do açúcar e uma queda de 11% nos custos. Na mesma comparação, o lucro da Copersucar saltou de R$ 482,1 milhões para R$ 828,5 milhões, sendo que o valor apropriado pelos cooperados cresceu 72%, para R$ 784,8 milhões, e o resultado das empresas ligadas ao grupo cresceu 74%, para R$ 48,8 milhões. De acordo com Pogetti, o grau de endividamento também caiu no período, de R$ 153,7 milhões para R$ 77,6 milhões. Em logística, nos próximos dois anos a cooperativa planeja investir mais R$ 10 milhões em uma parceria com a Brasil Ferrovias para concluir a compra de sete locomotivas e 300 vagões, além de cinco terminais de transbordo para facilitar o transporte de açúcar do interior paulista até Santos. Nos últimos três anos, a Copersucar já investiu R$ 15 milhões no projeto. Em maio, o grupo inaugurou um armazém graneleiro em Santos, para 110 mil toneladas e que absorveu cerca de R$ 50 milhões. Ainda em logística, a cooperativa investiu, com a Randon, no desenvolvimento de veículos com capacidade para transportar 20 mil toneladas de açúcar por unidade. Hoje, a cooperativa tem dez veículos circulando e desenvolve um similar para transporte de álcool. Hermelindo Ruete de Oliveira diz que o objetivo dessas ações é reduzir custos e elevar rentabilidade para concorrer em igualdade de condições com grandes multinacionais. Essa também foi a razão para a venda, em março, das suas marcas de varejo - União, Duçula, Neve, Cristalçúcar, Doçúcar, Glaçúcar e Único - à Nova América. A empresa espera melhorar seus resultados em 2005/06, acompanhando a tendência do mercado sucroalcooleiro. Paulo Roberto de Souza, diretor executivo da Copersucar, diz que o mercado interno de açúcar deve crescer 3% e o de álcool, em torno de 10%, com o aumento das vendas de carros bicombustíveis. Ele também prevê aumento nos preços do açúcar por conta do déficit mundial e melhora nas cotações do álcool com aumento de demanda e alta dos derivados de petróleo. Em meio à crise de renda dos grãos, açúcar e álcool estão entre os produtos que atualmente encaram condições de mercado favoráveis.