Título: Governo intensifica controle de ingresso de capitais
Autor: Paulo Braga
Fonte: Valor Econômico, 30/06/2005, Finanças, p. C8
O governo argentino intensificou ontem as medidas para controlar o ingresso de capitais especulativos ao país, na tentativa de impedir que a entrada de divisas resulte em valorização da moeda local. O Ministério da Economia determinou que os residentes em solo argentino que coloquem mais de US$ 2 milhões por mês no país paguem um compulsório de 30%, que fica depositado em uma conta sem render nada e só pode ser sacado depois de um ano. A medida foi mal recebida pelo mercado, e a percepção de que ela pode afetar negativamente o interesse por ações na bolsa fez o índice Merval retroceder 3,2%. Estão isentas do compulsório operações de comércio exterior e a compra de títulos de dívida em emissão primária, além de recursos para investimentos produtivos. No último dia 9, o governo já havia instituído o compulsório para investimentos de não-residentes. A resolução publicada ontem justifica as novas medidas como uma maneira de prevenir que "a agudização do excesso de oferta (de dólares) no mercado cambial", que poderia "comprometer seriamente a vigência de uma paridade cambial competitiva". Uma das bases do modelo econômico impulsionado pelo governo do presidente Néstor Kirchner é manter o dólar em torno dos 3 pesos para aumentar a competitividade das exportações argentinas. Os controles foram ampliados porque o BC vem tendo dificuldade em manter a cotação nesse patamar, mesmo com as intervenções. Uma preocupação é que a emissão de dinheiro para a compra dos dólares acabe aumentando demais a liquidez no mercado e gere inflação. (PB