Título: Atividade industrial tem crescimento menor em maio
Autor: Sergio Lamucci
Fonte: Valor Econômico, 01/07/2005, Especial, p. A14

A indústria paulista deu o primeiro sinal de desaceleração no mês de maio. O indicador do nível de atividade (INA) cresceu apenas 0,1% em relação a abril, segundo dados que já descontam os efeitos temporais. Com isso, no acumulado dos cinco primeiros meses, o INA registra alta de 4,7%, abaixo do acumulado até o mês anterior, que estava em 4,8%. Em abril, o indicador havia subido 2,2% e tanto a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) como o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) já viam sinais de acomodação da atividade. O INA sem ajuste sazonal, ou seja, sem descontar as especificidades do mês, subiu 2,9% entre abril e maio. Pelo mesmo cálculo, o total de vendas reais da indústria de São Paulo ficou 3,6% maior, enquanto as horas trabalhadas na produção avançaram 2,8%. O nível de utilização da capacidade instalada também cresceu de 79,7% para 81,1% em maio. Esse indicador condiz com a alta de 2,9% no nível de atividade. Ele não é comparável ao número com ajuste sazonal, que ficou em apenas 0,1%. A Fiesp e o Ciesp, responsáveis pelo levantamento de conjuntura apenas apresentam o INA com ajuste sazonal. Os demais indicadores, como capacidade instalada, horas trabalhadas e salários reais não são divulgados com o ajuste. Dentre os setores industriais destacados pelas entidades pelo desempenho de maio estão máquinas e equipamentos, alimentos e bebidas e equipamentos de escritório e informática. A indústria de máquinas e equipamentos mostrou queda de 1,2% no indicador de atividade em maio, com ajuste sazonal. As vendas reais cresceram apenas 0,8%. Antonio Corrêa de Lacerda, diretor de economia do Ciesp, disse que esse dado preocupa, pois está intimamente ligado aos investimentos. "Se a indústria de maquinas produz menos, é porque menos empresas estão investindo em novos projetos", diz. Por outro lado, a produção de material de escritório e informática subiu 3,8%, enquanto as vendas reais tiveram elevação de 2,6%. Para Paulo Francini, diretor econômico da Fiesp, o que está atrás desse desempenho é uma atuação mais eficiente do governo, que tem conseguido coibir o contrabando. "Assim, a indústria nacional foi estimulada", afirma. A expectativa é que nos próximos meses a atividade industrial siga em desaceleração. Para os diretores, tanto o câmbio quanto os juros ainda estão em patamares muito elevados e jogam contra a produção e o consumo. Lacerda lembra que as pessoas já estão bastante endividadas, e que o crédito pode perder fôlego. Francini mantém a projeção de que o INA oscile entre 3% e 3,5% em 2005. No ano passado, o indicador teve alta de 8,5%.