Título: Comissão amplia investigação sobre publicitário
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 01/07/2005, Política, p. A8

Em meio ao impasse sobre a criação ou não da CPI do Mensalão, os integrantes da CPI dos Correios votaram ontem novos requerimentos que ampliam a investigação sobre o empresário mineiro Marcos Valério de Souza, apontado como operador da propina aos parlamentares pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Foram quebrados os sigilos constitucionais das empresas de publicidade SMP&B, DNA Propaganda, Grafite, Estratégia Marketing e Multiaction, da esposa do empresário, Renilda Fernandes de Souza e da secretária que o denunciou, Fernanda Karina Somaggio. Ambos deverão ser acareados na CPI na próxima semana. Na sessão de anteontem, depois de nove horas de discussão, foram quebrados os sigilos apenas de Marcos Valério. Segundo o relator da CPI, Osmar Serraglio (PMDB-PR), há ligações entre a propina mensal entre os parlamentares e o esquema de corrupção nos Correios. "Enquanto não houver definição da existência ou não de uma CPI específica para isso, nós vamos tateando", afirmou. A quebra dos sigilos determinada ontem talvez não seja suficiente para rastrear as atividades do empresário. Um indício neste sentido foi dado durante o depoimento de Roberto Jefferson, horas depois. O petebista informou à CPI que a empresa de publicidade SMP&B, que detém a conta de publicidade dos Correios, possui dois CNPJs, um indicando sede no Rio de Janeiro e outro indicando sede em Belo Horizonte. Ambos terminam com a seqüência 0001, que significa empresa matriz. A SMP&B divide a conta de publicidade dos Correios com a Giovanni, FCB e a Bagg. O contrato, de R$ 72 milhões, foi firmado no final de 2003 e prorrogado em 2004. No ano passado, recebeu um aditivo de 25%, passando para R$ 90 milhões. Embora tenha assinado o termo aditivo junto com o presidente da ECT, o ex-diretor administrativo da empresa Antônio Osório, o primeiro a depor na CPI, afirmou que o termo aditivo não lhe despertou qualquer atenção. O ex-diretor admitiu que chegou ao cargo por indicação de Jefferson, mas relutou em afirmar que o ex-chefe de departamento, Maurício Marinho, também era da cota do PTB, por indicação do deputado José Chaves (PE). Osório negou que houvesse contatos prévios com fornecedores antes da elaboração dos editais da empresa O ex-diretor levantou suspeitas sobre a vitória do Bradesco na licitação que ampliou o Banco Postal, em 2001, durante a gestão Fernando Henrique. Osório manifestou estranheza pelo fato de o Banco do Brasil, que participou do começo da estruturação do projeto, não ter participado da licitação. (CF)