Título: Procurador toma posse e promete investigações
Autor: Juliano Basile e Thiago Vitale Jayme
Fonte: Valor Econômico, 01/07/2005, Política, p. A9

O novo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Barros e Silva de Souza, tomou posse, ontem, e prometeu independência em relação ao governo e equilíbrio nas ações do Ministério Público Federal. Ele não descartou a realização de investigações sobre integrantes do governo para apurar o suposto pagamento do mensalão, mas evitou fazer pré-julgamentos. "O procurador-geral não excluiu nem incluiu ninguém. Vamos investigar de acordo com os fatos apurados", resumiu. Para Antonio Fernando, as denúncias de corrupção em estatais não podem ser consideradas como um "desafio especial" da sua gestão, pois ainda não existem provas suficientes para analisá-las. "Tendo elementos, vamos agir com firmeza", prometeu o novo procurador-geral, que terá dois anos de mandato. O presidente Lula declarou, na cerimônia de posse, que Antonio Fernando terá total independência em relação ao governo e pediu um trabalho sério e responsável. "Você nunca será chamado por mim para engavetar um processo contra quem quer que seja nesse país", discursou Lula, ao dirigir-se ao novo procurador-geral. Lula contou que conheceu Fernando no dia em que foi comunicá-lo sobre a decisão de indicá-lo para chefiar o MPF. "A decisão de indicá-lo foi tomada exatamente para manter a linha independente que é regra na chefia do Ministério Público de nosso país", afirmou o presidente. Em resposta, Antonio Fernando enumerou os pontos principais de sua gestão, iniciada ontem: "Atuação firme, imparcial, isenta e com muita responsabilidade". "O MP tem a marca de atuar de forma independente e imparcial e isso é o que continuará acontecendo", disse Fernando, em entrevista aos jornalistas, logo após a sua posse. "Em todos os casos haverá o tratamento firme e imparcial", prometeu. Claudio Fonteles, que deixou o posto de procurador-geral, ontem, divulgou um balanço dos dois anos em que ficou à frente do MPF. Ele propôs 259 ações diretas de inconstitucionalidade junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre os temas mais diversos, como sementes transgênicas, uso de células-tronco, precatórios, bingos e até trote universitário. Geraldo Brindeiro, que antecedeu Fonteles e ficou oito anos no cargo - o quádruplo do tempo -, ingressou com 146 ações no Supremo. Fonteles propôs a abertura de inquérito contra 44 autoridades ao STF, entre parlamentares, ministros e governadores de estado. Entre esses pedidos estão as denúncias contra o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro da Previdência, Romero Jucá.