Título: Congresso adia votação da LDO
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 01/07/2005, Política, p. A10

Os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), fecharam ontem um acordo informal que transfere a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), no Congresso, para o dia 26. Dessa forma, os trabalhos de todo o parlamento - e não apenas o das CPIs - continuarão normalmente em julho. Oficialmente, entretanto, esta decisão só deverá ser tomada na próxima reunião da Comissão Mista do Orçamento, na terça-feira. Severino pretendia fazer o recesso agora, porém Renan e os partidos de oposição pressionaram para a manutenção total dos trabalhos. O presidente do Senado temia ter de assumir o ônus por parar o Congresso em uma época de tantas denúncias e a oposição, por sua vez, não queria esvaziar as investigações de corrupção. A solução adotada - não apreciação da LDO -, evita a convocação extraordinária, que resultaria no pagamento extra de dois salários a cada parlamentar, o que custaria para o parlamento cerca de R$ 15 milhões. Com os trabalhos a pleno vapor, a oposição espera a retomada imediata da investigação de denúncias na Câmara. A Comissão de Sindicância da Corregedoria, que investiga o mensalão, vai esperar a decisão formal do adiamento da LDO para retomar os depoimentos de testemunhas. Já o Conselho de Ética da Casa está se preparando para votar a colher depoimentos na próxima semana. A previsão do cronograma dos trabalhos previa que primeiramente fossem ouvidos o publicitário Marcos Valério, e suas funcionárias, Simone de Vasconcelos e Geysa Dias dos Santos. Após isso, seria a vez de ouvir pessoas ligadas ao PT, como o presidente da sigla, José Genoino, e o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-secretário Sílvio Pereira. Na última fase, provavelmente em agosto, seriam retomados os depoimentos de parlamentares e ministros. Já o governo pretende aproveitar o trabalho extraordinário da Câmara para tentar imprimir uma agenda positiva de votações, com a análise de projetos que tendem a beneficiar a economia, primordialmente. Além disso, a CPI dos Bingos, no Senado, deverá funcionar normalmente, com dois depoimentos previstos para a próxima semana. A instalação da CPI mista do Mensalão, contudo, tende a ficar para o início de agosto, já que Renan dará um prazo de 10 a 15 dias para que os partidos indiquem os membros da comissão. Ontem, o Senado aprovou o projeto de lei da Câmara, que aumenta o teto salarial do Supremo Tribunal Federal (STF), elevando os seus salários para R$ 21,5 mil, a partir de 1º de janeiro de 2005, e para R$ 24,5 mil, a partir de 1º de janeiro de 2006. (HGB)