Título: Juiz autoriza adesão da Parmalat a nova lei
Autor: Talita Moreira
Fonte: Valor Econômico, 01/07/2005, Empresas, p. B2
Crise corporativa Fabricante de laticínios estuda vender imóveis para levantar recursos e pagar credores
O juiz Alexandre Lazzarini, da 1ª Vara de Falências de São Paulo, deferiu ontem o pedido da Parmalat para aderir à nova lei de recuperação de empresas no Brasil. Com isso, a multinacional italiana fica livre do pagamento de cerca de R$ 800 milhões que teria de fazer na segunda-feira para quitar a primeira parcela da dívida que havia registrado no processo de concordata. Agora, a Parmalat terá 60 dias para apresentar aos credores um plano de pagamento, que deverá ser aprovado ou rejeitado dentro de 150 dias. A empresa pediu na sexta-feira autorização para migrar do regime de concordata para a recuperação judicial - prevista na nova Lei de Falências, que entrou em vigor em junho. A Parmalat Alimentos está negociando a venda de imóveis com o objetivo de levantar recursos para quitar dívidas, especialmente com pequenos credores. "Temos alguns negócios já encaminhados, que representam de R$ 10 milhões a R$ 12 milhões", diz o presidente do conselho de administração, Nelson Bastos. Enquanto não apresenta sua proposta aos credores, a companhia pretende fazer desde já pagamentos mensais a todos eles - são quase 10,5 mil. Como a maior parte se refere a fornecedores de leite, com valores pequenos a receber, boa parte deles deve estar com a situação equacionada até o fim deste ano, afirma Bastos, que é sócio da consultoria Íntegra, contratada pela Parmalat em abril de 2004 para fazer a reestruturação dos ativos no país. "Mesmo no processo de concordata, a empresa vinha tratando com os credores um plano de recuperação que já se colocava nos termos da nova lei", diz ele. A Parmalat Alimentos e sua controladora, a Parmalat Participações, pediram concordata em julho do ano passado, em conseqüência do colapso financeiros do grupo italiano. A companhia operacional registrou no processo dívida de R$ 697 milhões, enquanto a holding declarou ter passivo de R$ 1,5 bilhão. A maior parte desses valores refere-se a um grupo de 17 bancos, com os quais a companhia até agora não conseguiu fechar acordo. "A migração do processo de concordata para a nova lei de recuperação judicial, além de permitir a continuidade dos entendimentos com seus credores financeiros, preserva as relações da empresa com seus fornecedores habituais, que não sofrerão qualquer alteração", afirma a Parmalat em comunicado.