Título: Operação é uma vitória de Benjamin
Autor: Ivo Ribeiro e Raquel Balarin
Fonte: Valor Econômico, 01/07/2005, Empresas, p. B8

O acordo de aquisição da fatia dos Rabinovich no grupo Vicunha mostra que Benjamin Steinbruch, 52 anos completados esta semana, trabalha com afinco em seu plano de ser um dos maiores empresários brasileiros. Uma guinada e tanto para quem, até o início dos anos 90, não havia se envolvido com afinco nos negócios. Mendel, pai de Benjamin e sócio de Rabinovich, falecido em 1994, tinha uma preferência pela primogênita, Elizabeth, segundo amigos do empresário. Mas a filha - uma das primeiras alunas na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - não queria seguir carreira no grupo. Ricardo, o segundo filho, mostrou cedo o interesse pelos negócios da família. Mas faltava um lugar para o caçula, Benjamin. A oportunidade surgiu quando o Vicunha decidiu disputar a privatização da CSN, em 1993. Da noite para o dia, o caçula virou empresário. A siderúrgica abriu espaço para a diversificação. Vieram as participações em energia, logística e uma das grandes tacadas, a Vale do Rio Doce. Com seu estilo centralizador, colecionou inimizades. Acreditou na idéia de que poderia, um dia, unir a Vale do Rio Doce e a CSN. Uma iniciativa nesse sentido foi a tentativa de levar a Vale a comprar a siderúrgica venezuelana Sidor, em 1997. A compra não saiu e gerou atritos. Mas agora, à frente da CSN, Benjamin mostra que não abandonou os planos de fazer uma empresa com atuação em mineração, siderurgia, logística e energia. Em 2001, teve de dar um passo para trás em seus megaplanos, quando o Vicunha foi obrigado a se alavancar para adquirir as ações de Bradesco e fundos de pensão na CSN, ao mesmo tempo em que vendia sua participação na Vale do Rio Doce. Muitos acreditaram que a carreira meteórica de empresário havia atingido seu limite. "Mas o grande pulo do gato foi o fato de que a família não se endividou. Usou a geração de caixa da própria CSN para quitar os empréstimos", diz Marcelo Aguiar, da Merrill Lynch. Mesmo alavancado, Benjamin não sossegou. Em julho de 2002 tentou uma operação com a anglo-holandesa Corus, abortada meses depois em grande parte por pressão do BNDES, subordinado ao então presidente Fernando Henrique Cardoso. Nesses últimos dez anos, Jacks Rabinovich acompanhou com jogo de cintura as ousadias de Benjamin. Mas o relacionamento estava longe de ser harmonioso como era com Mendel. Logo após a morte do pai, em 1994, Benjamin negociou a compra de uma empresa no Nordeste. Jacks só ficou sabendo do negócio depois que o fato estava consumado. Reclamou. E conseguiu que outras aquisições fossem discutidas em conjunto. No início da década, ambos chegaram a ter opiniões divergentes sobre a venda da participação da CSN ao grupo Arbed. Decidiu-se por manter a menina dos olhos de Benjamin. Além de empresário, o caçula de Mendel vem demonstrando que suas aspirações envolvem o campo político. Na segunda metade dos anos 90, chegou a se lançar como candidato a ministro. Vieram os conflitos na Vale e Benjamin mergulhou nos negócios. No ano passado, voltou à política com as articulações da chapa encabeçada por Paulo Skaf à Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). Na empreitada, contou com o apoio de dois grandes amigos: o senador Aloizio Mercadante e o presidente da Coteminas, Josué Gomes da Silva, filho do vice-presidente, José Alencar, e hoje presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit). Nos últimos meses, tem sido um importante interlocutor do governo Luiz Inácio Lula da Silva no meio empresarial. Em meio à crise política que envolve o governo, foi chamado a Brasília. E expressou seu temor de que os escândalos provocassem uma paralisia do governo ou incentivassem ações heterodoxas. Nos bastidores, também trabalha pela candidatura de seu amigo Mercadante ao governo de São Paulo. (R.B. e I.R.)