Título: Tradings aumentam as importações
Autor: Maria Cândida Vieira
Fonte: Valor Econômico, 01/07/2005, Eu & Investimentos, p. F3

Estratégia Valorização do real faz Cotia elevar compras em 45% e Sab Company investir na diversificação

As trading companies, responsáveis por cerca de US$ 15 bilhões em exportações anuais, ou 15% das vendas externas, estão se esforçando para aumentar as vendas com maior valor agregado. Para isso, oferecem serviços diferenciados aos clientes e procuram produtos inovadores para conquistar novos mercados. Apesar do câmbio desfavorável e dos gargalos da infra-estrutura, as tradings registram crescimento nas exportações porque estão cumprindo contratos anteriormente fechados. "Alguns setores, diante da retração no mercado interno, intensificam os esforços para alavancar suas vendas no mercado externo", afirma Paulo Manoel Protásio, presidente da Associação Brasileira das Empresas Trading (Abece). As tradings já foram responsáveis, na década de 90, por cerca de 30% das vendas ao exterior. De lá para cá, a maioria das grandes corporações passou a trabalhar diretamente. "O câmbio valorizado poderá ter efeito nas exportações no segundo semestre", prevê o presidente da Cotia Trading, Eduardo Mangabeira Albernaz, a primeira no ranking da categoria de comércio exterior da revista "Valor 1000" de 2004. Mesmo que isso aconteça, a Cotia não deverá ser afetada porque exporta aço e equipamentos industriais como ônibus, tratores e colheitadeiras. A empresa deverá exportar US$ 190 milhões, 38% a mais do que em 2004. As exportações de equipamentos industriais são de US$ 120 milhões, o dobro do ano passado. Os fabricantes de tratores e colheitadeiras, por exemplo, estão intensificando as exportações em conseqüência da retração no mercado interno. Já as vendas externas de aço deverão ficar em US$ 70 milhões, abaixo dos US$ 90 milhões de 2004. "No caso do aço, o valor menor é decorrência da queda dos preços do produto no mercado internacional", explica. A Cotia Trading deve faturar US$ 800 milhões, com aumento de 23% em relação a 2004. As exportações representam 25% do faturamento e os outros 75% resultam de importações e serviços. Eduardo Mangabeira reconhece que o real valorizado estimula as importações, que vão alcançar US$ 590 milhões, com alta de 45% sobre 2004. A empresa importa cobre, equipamentos de informática, de telefonia e de linha branca. A Coimex Trading espera um faturamento de US$ 850 milhões em 2005, com alta de 17,5% sobre o ano passado. Especializada em commodities agrícolas, a empresa deverá exportar 1,3 milhão de toneladas de açúcar, 1,2 milhão de toneladas de grãos, 55 mil toneladas de carne, 600 milhões de litros de álcool e 1,2 milhão de sacas de café. "Há atraso na comercialização da safra de soja e o café está sendo muito afetado pelo câmbio", diz o presidente da empresa, Clayton Miranda. Exportar açúcar em contêineres, o que permite vendas diretas em quantidades menores ao cliente final, é uma das ações criativas da Sab Trading para garantir o crescimento. Especializada em exportações agrícolas, a empresa prevê faturamento de US$ 280 milhões este ano, 16% maior que em 2004. Do total a ser exportado, cerca de 50% resultam de vendas de óleo e farelo de soja, 30% de açúcar, 10% de café e o restante de álcool. "As empresas estão exportando com contratos fechados meses atrás", diz Willy Jordan, diretor financeiro da Sab Trading. Trabalhando com ênfase em importações, a Sab Company, do mesmo grupo, estima um faturamento de US$ 450 milhões, 50% a mais que em 2004. "Em 2007, esperamos que 50% dos resultados venham de exportações e 50% de importações", afirma João Batista de Paula, presidente da empresa. Além de consultoria, importação e exportação, a Sab Company atua em "fullfilment", ou seja, serviços como armazenagem, distribuição, manuseio e adequação dos produtos para os clientes, como etiquetagem de cosméticos para o idioma local, instalação de softwares em computadores e outros.