Título: Mercosul vai priorizar negociações comerciais com Estados Unidos e UE
Autor: Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 05/07/2005, Brasil, p. A3

O Mercosul vai priorizar as negociações comerciais com os parceiros mais relevantes para os interesses do bloco, como União Européia, Estados Unidos, Canadá, Índia e África do Sul. "Não podemos negociar com 20, 30 países ao mesmo tempo", diz o diretor do departamento de relações internacionais do Itamaraty, Regis Arslanian. Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai tomaram a decisão durante a última reunião de cúpula do Mercosul, no dia 20 de junho em Assunção. A estratégia responde às críticas de setores empresariais, que reclamavam que o governo brasileiro dava pouca atenção às negociações com os países ricos. Arslanian ressalta, porém, que isso não significa que o Mercosul deixará de iniciar novas negociações, mas apenas que será mais seletivo. "Não podemos abrir uma negociação a cada dia, mas não significa que estamos fechados para novas negociações", diz o embaixador, que participou ontem, em São Paulo, de seminário da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). O Itamaraty tenta destravar as negociações entre o Mercosul e a União Européia, paralisadas desde outubro de 2004, quando os dois blocos não cumpriram o prazo estipulado para a conclusão do acordo. Segundo Arslanian, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, conversou por telefone com o comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson, e agendou uma reunião ministerial para o início de setembro. Esse encontro deveria ter ocorrido no primeiro trimestre do ano. O Mercosul já sugeriu duas datas, mas os europeus resistem. Um das reclamações da UE diz respeito ao regime de "drawback", que isenta de imposto de importação os insumos utilizados em produtos para exportação. Segundo Arslanian, o Brasil estuda flexibilizar sua posição em alguns setores, mas não abrirá mão do mecanismo nos segmentos sensíveis. As negociações do Acordo de Livre Comércio das Américas (Alca) também estão paradas. Conforme Arslanian, o governo brasileiro fez duas propostas formais para que os EUA iniciem uma negociação bilateral com o Mercosul, mas não houve resposta. O bloco do Cone Sul também aposta em um acordo de livre comércio com o Canadá e estuda um acordo trilateral com Índia e África do Sul