Título: Inverno ameno preocupa produtor catarinense de maçã
Autor: Vanessa Jurgenfeld
Fonte: Valor Econômico, 05/07/2005, Agronegócios, p. B14

Fruticultura Os produtores de maçã da região de Fraiburgo e São Joaquim, em Santa Catarina, estão preocupados com o inverno ameno. As temperaturas nas principais cidades produtoras da fruta estão altas para um mês de junho, o que deve comprometer tamanho e qualidade da maçã na colheita prevista para começar no início de 2006. Segundo estimativa preliminar da Associação Brasileira dos Produtores de Maçã (ABPM) deverão ser colhidas 750 mil toneladas no país em 2006, ante as 760 mil deste ano. E se espera que as exportações novamente sofram, já que a fruta deve permanecer pequena, o que não é interessante para a Europa, principal mercado comprador do Brasil. Nessa última safra, as exportações já recuaram cerca de 30%. Segundo Pierre Nicolas, presidente da ABPM, quase não há inverno. Até agora, ocorreram poucas geadas nas regiões produtoras, e houve menos da metade das horas de frio ideais para a maçã em maio e e junho. Nicolas afirma que é cedo para dar prognósticos conclusivos sobre a colheita, mas já é certo que há perdas irreversíveis. Conforme o Centro de Informações de Recursos Ambientais e Hidrometeorológicos de Santa Catarina (Climerh), a região de São Joaquim está com uma temperatura média de 9º Celsius em junho, enquanto o normal seria em torno de 6,5º. Em Fraiburgo, na contas dos produtores, as temperaturas estão geralmente acima de 10º, quando o ideal seria abaixo de 7º. Para o produtor Jean Perazzoli, da Agroindústria Perazzoli, é difícil dizer o quanto a safra poderá sofrer com o inverno ameno, mas ele se diz preocupado com as poucas horas de frio até agora. Seriam necessárias para o bom desenvolvimento do fruto 700 horas de temperaturas abaixo de 7º durante todo o inverno. "As primeiras geadas só começaram em maio, quando o normal seria abril, e as temperaturas ainda estão entre 10 e 20 graus. Está tudo atrasado". A Agropel já sofreu com as intempéries do clima na safra vendida neste ano por conta de geadas fora de época e seca prolongada no fim do desenvolvimento do fruto. A empresa teve uma quebra de 30% na produção, totalizando cerca de 30 mil toneladas de maçã. Um inverno sem frio pode afetar todo o ciclo da macieira. A planta não descansa, e com isso a seiva não desce para a raiz de forma apropriada. Assim, a "volta" da seiva para gerar brotação, flor, folhas e frutos é adiada. A florada acaba sendo longa, prolongando também a colheita. Os frutos diminuem e a produção fica mais suscetível a fungos.