Título: IPC da Fipe tem deflação de 0,2% em junho, a menor taxa no mês em 5 anos
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 06/07/2005, Brasil, p. A2

A inflação ao consumidor na cidade de São Paulo ficou negativa em 0,2% em junho, o menor número para o fechamento do mês em cinco anos. O resultado foi influenciado, principalmente, pelo tombo de mais de 4% nos preços dos alimentos in natura e também pelo recuo dos itens de vestuário e dos combustíveis. A queda dos preços de apenas três itens - batata, arroz e álcool - contribuiu negativamente com 0,19 ponto percentual - quase toda a deflação do mês apontada pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Os gastos com vestuário caíram 0,16%, enquanto o álcool combustível ficou 9,75% mais barato. O economista responsável pela pesquisa de preços da entidade, Paulo Picchetti, explica que a forte desaceleração dos preços está ligada ao aumento da oferta de alimentos, após um período de restrição no começo do ano. "No caso do vestuário, houve uma antecipação das liquidações, já que o frio demorou a chegar", estima. Para ele, não se trata de um movimento relacionado a uma demanda mais contida. Ainda assim, a cesta de produtos não-comercializáveis (serviços como cabeleireiro, encanador e gastos com mecânico), recuou de 0,25% em maio para 0,04% em junho. Por outro lado, os bens comercializáveis (podem ser exportados), caíram 0,23%, após alta de 0,72% em maio. Já a cesta de produtos industrializados encerrou junho com variação zero. Em maio, ela estava em 0,83% e, em abril foi de 1,18%. Apesar de influenciada pela queda em alimentos industrializados e vestuário, a cesta também reflete a valorização do câmbio. Os artigos de limpeza, por exemplo, variaram de 1,10% para 0,07%, refletindo o recuo no atacado. Os preços de mobiliário e decoração também cederam de 1,23% em maio para 0,07%. Segundo o economista da Fipe, o cenário para a inflação nos próximos meses tende a ser confortável, pelo menos em tarifas públicas. De julho até o fim do ano, o reajuste de preços de telefonia fixa, passagens de ônibus interurbanas, pedágio e energia elétrica irão provocar impacto de 0,29 ponto percentual no IPC anualizado. Isso, se a energia ficar 2% mais cara, o pior cenário imaginado por Picchetti. Para julho, Picchetti acredita que a inflação ficará perto de zero. "Poderá haver deflação, mas a probabilidade maior é de uma pequena inflação", afirma. O mês já começa com uma variação de 0,10%, contabilizando o impacto dos reajustes de assistência médica, pedágio, telefone, gás encanado, cartão telefônico e energia elétrica. O reflexo maior da energia virá em agosto, quando as contas serão pagas. Para uma queda de 2% nos preços, o economista calcula um impacto negativo de 0,01 ponto percentual em julho e 0,06 ponto em agosto. Ao mesmo tempo, os alimentos devem continuar pressionado para baixo, mas em magnitude menor à de junho. Já o Índice do Custo de Vida (ICV), medido pelo Dieese no município de São Paulo, apresentou, em junho, queda de 0,17%, a menor taxa apurada desde fevereiro de 2004 (-0,18%). Em maio a taxa havia subido 0,39%.