Título: Salton ultrapassa Chandon e lidera setor de espumantes
Autor: Daniela D'Ambrosio
Fonte: Valor Econômico, 06/07/2005, Empresas, p. B5

Bebidas Depois de investir em nova vinícola, Salton dobra capacidade de produção e vende 1,7 milhão de

Pela primeira vez, desde a década de 70, quando começou a produzir no Brasil, a francesa Chandon perdeu a liderança do mercado brasileiro de espumantes. A Salton ultrapassou a marca de origem francesa em 2004 com a venda de 1,7 milhão de litros - acima dos 1,4 milhão de litros comercializados pela Chandon. A Salton começou a incomodar a multinacional francesa e a encostar na concorrente a partir de 2000. No ano passado, com a mudança da antiga fábrica de Bento Gonçalves (RS) para um empreendimento que consumiu R$ 30 milhões em Tuiuty (RS) e permitiu dobrar sua capacidade de produção, a Salton conseguiu conquistar a liderança do segmento. A estratégia de focar em produtos mais "populares", na faixa dos R$ 15, foi decisiva para que a empresa aumentasse as vendas, segundo Angelo Salton. O Salton Brut e o Demi Sec, versões mais baratas da marca, respondem, juntos, por 50% das vendas de espumantes da Salton. "Conseguimos ter o melhor custo-benefício do mercado", afirma. A empresa também tem produtos intermediários, cujos preços variam entre R$ 25 e R$ 30, e no ano passado fez uma amostra inicial de 5 mil garrafas de um espumante premium, na faixa dos R$ 60. A Chandon pertence à Moët Hennessy, empresa do grupo de luxo LVMH, que tem em seu portfólio marcas como Louis Vuitton, Veuve Clicquot, Christian Dior e Moët Chandon. Desde o ano passado, a empresa está reposicionando a Chandon em busca de uma proximidade maior com o glamour e requinte que o grupo carrega em suas outras marcas. O espumante premium da Chandon, Excellenc, custa cerca de R$ 70 e a versão mais barata sai por R$ 35. O presidente da Moët Hennessy para a América Latina, Davide Marco, diz que, para a empresa, não interessa concorrer com a Salton em volume. "Nosso posicionamento é outro, nosso foco é o espumante de luxo", diz. "Não buscamos liderança em volume, mas em valor", afirma, acrescentando que não tem interesse em competir com os espumantes na faixa dos R$ 15. Marco diz que esse aumento de volume da Salton é positivo para o setor, pois ajuda a levantar a bandeira da Serra Gaúcha como grande produtora de espumantes. "Sozinhos, não conseguiríamos ter força para mostrar a importância do sul do Brasil na produção de espumantes", observa. O clima chuvoso da Serra Gaúcha, que estimula a acidez da uva, é mais propícia ao espumante do que ao vinho convencional. Outras empresas brasileiras com vinícolas na região, como Miolo, Casa Valduga e Pizzatto também investem pesado nesse mercado. O consumo da bebida - que perdeu a conotação festiva que tinha - não pára de crescer. Há pouco tempo, o espumante ou as versões importadas (champagne francês, prosecco italiano e cava espanhola) eram apreciados apenas em datas especiais e hoje cabem em ocasiões informais. Com isso, as vendas cresceram 38,7% em quatro anos, saindo de 6,1 milhões de litros em 2000 para 8,5 milhões de litros em 2004. Desse total, 64% são nacionais e 36% importados. Outro fenômeno que abriu espaço para os produtos brasileiros foi a recente queda das vendas dos proseccos italianos, que chegaram ao Brasil a preços competitivos - mas de qualidade mais baixa que os vendidos na Itália, segundo especialistas - e conquistaram uma fatia importante do mercado. De acordo com dados da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), entre janeiro e abril de 2005, a importação de espumantes da Itália caiu 24,3%. A participação do país no total das importações foi reduzida de 40,3% para 29,1%.