Título: Aberto processo criminal contra dono do Santos
Autor: Altamiro Silva Júnior
Fonte: Valor Econômico, 07/07/2005, Finanças, p. C3

O banqueiro Edemar Cid Ferreira, dono do Banco Santos, sofreu mais um golpe esta semana. O juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo (especializada em crimes contra o sistema financeiro nacional e lavagem de dinheiro), aceitou a denúncia do Ministério Público Federal e determinou a abertura de processo criminal contra o banqueiro e mais 18 diretores do banco, que sofreu intervenção do Banco Central em 12 de novembro. "Todos viraram réus", destaca o procurador federal Silvio Luis Martins de Oliveira. Edemar e os 18 diretores vão responderão pelos crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta. O dono do Banco Santos e o então superintendente da instituição, Mário Arcângelo Martinelli, responderão ainda pelo crime de manutenção de contas no exterior ilegalmente. Os interrogatórios serão feitos entre os dias 22 e 26 de agosto. Os 19 acusados responderão ao processo em liberdade. Segundo Oliveira, as investigações mostraram que o Banco Santos realizava os mais diferentes tipos de operações fraudulentas: desvio dos repasses do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), "caixa dois", evasão de divisas para lavar o dinheiro e ainda operações casadas - nas quais as empresas que tomavam empréstimos no banco tinham de comprar, por exemplo, debêntures da Procid, a controladora do Banco Santos. Outra denúncia é que Edemar (e os outros diretores) procurou esconder a origem do dinheiro por meio, principalmente, da compra de obras de arte. Em março, o Ministério Público e a Polícia Federal apreenderam vários bens na casa do banqueiro e em um depósito na Zona Oeste de São Paulo, onde funciona o Instituto Banco Santos. Em maio, o banqueiro e outros 21 diretores do banco já haviam sido indiciados pela Polícia Federal. Oliveira, porém, considerou que não havia indícios suficientes para incriminar três diretores, que tiveram seus processos arquivados (Daniel Saraiva Santos, Abner Parada Júnior e Ricardo Ancede Gribel). Segundo o procurador, as obras de arte continuarão apreendidas. Os bens móveis e imóveis do banqueiro (incluindo uma barra de ouro e 15 computadores retidos em sua casa), continuarão seqüestrados pela Justiça.