Título: Congresso segura votação da LDO para manter CPIs funcionando
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 07/07/2005, Política, p. A6

BRASÍLIA - O governo tentará mobilizar sua base parlamentar para votar o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, na Comissão Mista de Orçamento (CMO), na terça-feira, dia 12. " Pelo menos foi isso que me prometeram " , disse o relator, deputado Gilmar Machado (PT-MG). Mas o próprio presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), fechou um acordo informal para evitar que a LDO seja votada nesta semana, para que o Congresso não entre em recesso em um momento de trabalho intenso.

Não fazer o recesso porque a LDO não foi votada evita, também, a convocação extraordinária e o pagamento de dois salários adicionais a deputados e senadores, o que custaria cerca de R$ 15 milhões. " Em um momento como este não podemos sair de recesso, a sociedade espera que o Congresso prossiga nas investigações das denúncias que estão no Parlamento " , disse Renan. A oposição também defendeu a decisão de Renan.

Caso o recesso de julho realmente não ocorra, as novas CPIs que estão sendo criadas no Congresso - dos Bingos e do Mensalão - deverão avançar. Ontem a CPI dos Bingos, criada para investigar supostos casos de corrupção a partir de denúncias contra o ex-sub chefe da Casa Civil, Waldomiro Diniz, aprovou os primeiros nomes de testemunhas que serão chamadas para depor.

Foram convocados o empresário Carlos Augusto Ramos - o chamado Carlinhos Cachoeira - e Waldomiro Diniz. O depoimento de Cachoeira está agendado para o dia 13 e o de Waldomiro Diniz ainda não tem data marcada, mas deve ocorrer em julho.

Os integrantes da CPI solicitaram à Presidência da República o envio da relação dos funcionários que trabalharam diretamente com Waldomiro Diniz.

Já a CPI do Mensalão, criada para apurar as denúncias do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de que o PT pagava mesadas a deputados do PL e do PP em troca de apoio ao governo, teve seu requerimento lido na terça-feira e deverá ser instalada em dez ou quinze dias. Renan afirmou que esperará, " por um tempo razoável " , que os partidos indiquem os membros da comissão. Do contrário, terá que indicá-los e iniciar as investigações.

Na Câmara, a novidade ainda não havia sido assimilada. Tanto as investigações da Comissão de Sindicância da Corregedoria da Câmara, como o Conselho de Ética da Casa, não tinham programação de atividades em julho.