Título: Banco desenha política produtiva para o NE
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 08/07/2005, Brasil, p. A5

Desenvolvimento No Nordeste, BNB estuda 31 cadeias agrícolas e industriais e procura potencial exportador

O Banco do Nordeste do Brasil (BNB), agente do governo para o desenvolvimento da economia nordestina, prevê aplicar R$ 4 bilhões por ano em empréstimos de longo prazo entre 2005 e 2007. Para manter este patamar de financiamento, a instituição terá de garantir recursos complementares ao Fundo Constitucional de Desenvolvimento do Nordeste (FNE) - a principal fonte financeira do BNB nas operações de longo prazo. Uma das fontes consideradas é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), indicou o presidente do BNB, Roberto Smith. Em outra frente, o BNB pleiteia junto ao Ministério da Integração Nacional a gestão de outro fundo de desenvolvimento da região (o FDNE), hoje no âmbito da Adene (ex-Sudene). Este fundo representa aporte anual de R$ 800 milhões e segundo o presidente do banco, até agosto o banco deve concluir os trabalhos definindo uma política produtiva para o Nordeste. O objetivo, segundo ele, é dar maior atenção aos segmentos apontados como estratégicos do ponto de vista da integração do território e do desenvolvimento sócio-econômico da região. Foram selecionadas 31 cadeias produtivas, entre as quais petroquímica, setor sucroalcooleiro e indústria têxtil e de confecções, além de projetos voltados para a região do Cerrado e do Semi-árido nordestinos. Smith observou que, apesar de uma crescente integração da economia nordestina à nacional, há uma série de vantagens que as empresas da região não conseguem aproveitar. A pauta de exportações do Nordeste passa por uma diversificação, mas os produtos exportados têm baixo conteúdo tecnológico e as empresas que vendem ao exterior aproveitam mal as oportunidades do mercado externo. "Isso mostra que é preciso dar uma orientação para direcionar os investimentos", apontou Smith. BNB e BNDES já iniciaram conversações e é possível que o Banco do Nordeste volte a operar como agente financeiro do BNDES no fim deste ano, atuando nas linhas Finame e BNDES Automático. "A partir de 2006, poderemos fazer operações mix, com um percentual de recursos do BNDES, via FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), e outro do FNE, via BNB", previu Smith. Quando ele assumiu o BNB, em fevereiro de 2003, o banco já havia deixado de operar como agente do BNDES porque tinha sobra de dinheiro no FNE. A situação agora é outra: a disponibilidade de recursos no fundo constitucional poderá não ser suficiente para atender a demanda por crédito em 2007, segundo projeções do BNB. Exercício feito pelos técnicos do banco mostra que, em 2007, o FNE não teria mais recursos em caixa para emprestar o volume projetado, contando somente com o repasse da União, via Tesouro Nacional, e com o retorno dos empréstimos concedidos pelo próprio fundo. O FNE é formado, ainda, pela arrecadação de um percentual sobre o Imposto de Renda (IR) e Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). De acordo com os cálculos do BNB, seria preciso captar o equivalente a R$ 341 milhões em 2007 para conseguir emprestar R$ 4 bilhões em operações de longo prazo. É esse cenário que leva o BNB a tentar estreitar o relacionamento com o BNDES. O banco nordestino já conta um limite de crédito do BNDES, mas não o utiliza, e portanto será preciso renegocia-lo, na avaliação do presidente do BNB. De janeiro a junho, o BNDES liberou R$ 1,4 bilhão para o Nordeste -7% das liberações totais. Em 2004, o BNB aplicou R$ 3,2 bilhões em empréstimos de longo prazo enquanto o BNDES destinou à região R$ 2,7 bilhões. Se também forem consideradas operações de curto prazo, o total aplicado pelo BNB em 2004 foi de R$ 4,7 bilhões. Em 2005, o valor deve crescer 38%, atingindo R$ 6,5 bilhões. Smith lembrou que o BNB já opera em parceria com o BNDES em grandes projetos, como um de exploração de gás natural em Pernambuco.