Título: Pedidos de crédito têm alta de 25%
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 08/07/2005, Brasil, p. A5

No primeiro semestre deste ano deram entrada no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) R$ 47,626 bilhões em consultas formais (pedidos) para a concessão de novos empréstimos, com aumento de 25% sobre o mesmo período do ano passado. As aprovações de novos financiamentos cresceram 20% e chegaram a R$ 22,590 bilhões. O aumento de consultas é importante porque sinaliza mais empréstimos no futuro, embora nem todos os pedidos se transformem em contratos. O banco estatal desembolsou, para empréstimos já contratados, R$ 20,037 bilhões no período. Isso representa 10% mais do que no primeiro semestre de 2004 , mas apenas um terço do orçamento de R$ 60,8 bilhões previsto para o ano inteiro. Operações de R$ 44,437 bilhões foram enquadradas (passo anterior à aprovação do empréstimo), um aumento de 52% em relação ao primeiro semestre de 2004. Segundo o presidente do BNDES, Guido Mantega, são os dados de junho que sinalizam a retomada do crescimento do país no segundo semestre. Em junho, as consultas somaram R$ 12 bilhões, ante R$ 3,6 bilhões em junho de 2004, com aumento de 225%. Os enquadramentos aumentaram 105% - R$ 9,7 bilhões, ante R$ 4,7 bilhões em junho de 2004. As aprovações cresceram 23% - de R$ 4,038 bilhões para R$ 4,968 bilhões, e os desembolsos foram 20% maiores, passando de R$ 4,096 bilhões para R$ 4,903 bilhões no período. "As consultas significam que o pessoal se animou", avalia Mantega, para quem os resultados de junho mostram retomada do crescimento econômico. "Estou identificando nítidos sinais de que, no segundo semestre, vai haver um aquecimento. Existem todas as condições favoráveis a isso. O BNDES é responsável por 60% dos financiamentos de longo prazo no país e temos aqui um bom instrumento de aferição." Mantega conta com as perspectivas do segundo semestre para ainda considerar possível o banco realizar todo seu orçamento de 2005. Ressaltou que o segundo semestre é historicamente melhor. Em 2004 foi assim, mas não em proporção que justifique o otimismo. Foram R$ 18,2 bilhões emprestados no primeiro semestre, e pouco menos de R$ 22 bilhões no segundo. Mantega avalia que crise política não está se refletindo no ambiente econômico. "Quero contrariar os prognósticos de que a crise política está tendo influência sobre os investimentos. Isso não é verdade, não é correto, não corresponde aos dados que estamos verificando no banco", disse. Segundo ele, os dados atuais indicam que a crise política é de curta duração e não influencia indicadores econômicos ou a disposição dos investidores, que têm perspectiva de longo prazo. "Justamente no epicentro da crise, há um aumento do número de consultas e enquadramentos", disse o presidente do BNDES. "As empresas que estão chegando aqui vêem o médio e longo prazo, levam em consideração o comportamento do mercado, como estão os fundamentos, e se há potencial de desequilíbrio." Entre os setores que não tiveram boa performance na comparação com o primeiro semestre de 2004 está o de energia elétrica, com queda de 53%. Mantega atribuiu a queda à baixa procura por financiamentos dentro do programa de capitalização das distribuidoras. (colaborou Chico Santos)