Título: "Há problemas", afirma controlador da União
Autor: Sergio Leo
Fonte: Valor Econômico, 08/07/2005, Brasil, p. A6

No contrato da ECT com a BR Postal "há problemas, e estão sendo investigados", afirmou, para o Valor, o subcontrolador-geral da União, Jorge Hage, que, hoje, divulgará os primeiros resultados das investigações da Controladoria-geral da União sobre os contratos dos Correios. Nessa primeira etapa, serão divulgados os resultados na análise do Correio Postal Noturno, da aquisição de impressoras e das compras de medicamentos. A análise do contrato para o Correio Híbrido deverá ser divulgada dentro de aproximadamente três semanas, calcula. Hage afirma que a disparidade superior a 450% entre o preço inicialmente calculado pelos Correios e o valor final do contrato não é, por si só, indício de ilegalidade, já que a empresa alega o ineditismo do contrato e a falta de expertise para desqualificar a primeira avaliação de valores. "É, no mínimo, um tanto complexa a análise desses valores", comentou o subcontrolador-geral da União. A assessoria dos Correios informa que, apesar de a diretoria de Carlos Eduardo Fioravante a responsável formal pelo contrato, o segundo suplente de Hélio Costa não pode ser responsabilizado isoladamente por eventuais problemas com o contrato, porque toda a diretoria anterior responde solidariamente pelas decisões como a do projeto Correio Híbrido. Os assessores dos Correios atribuem grande parte das críticas ao Correio Híbrido a empresas que temem a concorrência da ECT no lucrativo mercado de envio de documentos por meio eletrônico. O mercado chegou a inspirar projetos de empreendedores como Marcelo Ballona, que participou nas fases iniciais de projetos como o provedor de Internet Mandic e o site Submarino, e, em 2003, anunciou a criação de uma empresa para enviar documentos pelo país e imprimí-los por uma rede de máquinas Xerox. A Xerox, aliás, é uma das empresas que questionou na Justiça a licitação vencida pela BR Postal, argumentando que as condições do edital inviabilizavam a participação de empresas instaladas no país. O edital chegou a ser mudado várias vezes, parte delas por exigências da Controladoria. O consórcio BR Postal é formado pela Brasil Telecom, a American Bank Note Company, a Montreal Informática, a italiana Postel, que administra os Correios da Itália, a Print Laser, a BMK Printing Solutions e a Planalto Envelopes. (SL)