Título: Conab volta a reduzir sua previsão para safra 2004/05
Autor: Fernando Lopes
Fonte: Valor Econômico, 08/07/2005, Agronegócios, p. B13

Grãos Nova estimativa é 5,7% menor que a produção obtida em 2003/04

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério da Agricultura, anunciou ontem (dia 7), em Brasília, que reduziu para 112,367 milhões de toneladas sua estimativa para a produção brasileira de grãos na safra 2004/05, que já está em fase final de colheita. Foi a terceira revisão para baixo consecutiva, todas realizadas em consequência dos problemas climáticos concentrados nos Estados da região Sul do país no início deste ano. O novo número ficou 14,8% abaixo do total projetado em dezembro de 2004 e é 5,7% menor do que o volume colhido na temporada 2003/04 (119,114 milhões de toneladas). Em relação à previsão de abril deste ano (113,688 milhões de toneladas), a principal mudança anunciada foi uma nova baixa na safrinha de milho. Em abril, ela estava calculada em 8,120 milhões de toneladas, e agora a produção foi reduzida para 7,617. A safra principal do grão também passou de 27,869 milhões para 27,152 milhões de toneladas. Em virtude da prolongada estiagem deste ano, a maior perda de produtividade foi no Rio Grande do Sul, onde o rendimento caiu 53%, para 23,9 sacas por hectare, conforme a Conab. A menor oferta doméstica exigirá importações, que estão sendo realizadas e poderão chegar a 700 mil toneladas em 2005, segundo disse recentemente ao Valor o analista Leonardo Sologuren, da Celeres. No caso da soja, carro-chefe da produção e da exportação agrícola do país, a Conab ajustou sua estimativa para 2004/05 para 50,230 milhões de toneladas, ante as 50,195 milhões previstas em abril. Em relação à projeção de dezembro, contudo, o tombo chega a 14,8%, por conta dos problemas do Sul. No caso do Centro-Oeste, entretanto, a Conab prevê 27,9 milhões de toneladas, ante 24,6 milhões de 2003/04. Algumas das principais corretoras e consultorias que trabalham com soja no país trabalham com uma safra brasileira entre 50 milhões e 51 milhões. Tetras Corretora e Agência Rural, por exemplo, prevêem 50,8 milhões de toneladas. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) trabalha com 62 milhões de toneladas, mas especialistas brasileiros confiam na redução do número. Nos cálculos de corretoras e consultorias, o nível de comercialização da produção de soja de 2004/05 começa a se aproximar das médias históricas, principalmente depois da forte alta das cotações na primeira quinzena de junho passado. Renato Sayeg, da Tetras, acredita que a comercialização já alcançou 66% do total, ante 73% do mesmo período de 2004, enquanto a Safras&Mercado estima 68%, contra 72% do ano passado. Para Sayeg, no Mato Grosso a comercialização já chegou a 80% da produção total, enquanto no Paraná o percentual está em 52%. A Celeres calcula que a comercialização já tenha chegado a 74%, enquanto Seneri Paludo, da Agência Rural, fala em 60% na média nacional. Paludo pondera que há grande volume entregue pelos produtores aos depósitos de tradings sem preço fixado. "Para o Mato Grosso, estimamos 57%, mas somando tudo o percentual chega a 82%", disse. No fim de junho, com a queda das cotações na bolsa de Chicago, as vendas domésticas voltaram a ficar travadas, mas recuperaram fôlego neste início de julho com novas altas. A volatilidade reflete previsões climáticas para regiões produtoras dos EUA, que estão na reta final de plantio. Apesar das oscilações de preços, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) manteve, em levantamento de 29 de junho, sua previsão para a receita que será obtida com as exportações brasileiras do complexo soja (grão, farelo e óleo) em 2005 em US$ 8,005 bilhões, ante US$ 10,048 bilhões de 2004. De janeiro a junho, conforme o Ministério da Agricultura, os embarques do complexo renderam US$ 4,366 bilhões, 20% a menos que em igual intervalo do ano passado. Apenas em junho o recuo foi de 39,4%, para US$ 1,119 bilhão.

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