Título: Até os indianos estão chegando
Autor: Ricardo Cesar
Fonte: Valor Econômico, 08/07/2005, Empresas, p. B3

Debutante no mercado internacional de exportação de serviços de tecnologia, o Brasil tenta conquistar o seu espaço explorando algumas vantagens competitivas. É o caso da boa infra-estrutura de telecomunicações, fuso horário similar ao dos Estados Unidos, rapidez de acesso aéreo, cultura ocidental, ausência de conflitos e desastres naturais e profissionais qualificados em áreas como sistemas financeiros. Na maioria desses itens, o Brasil está mais bem posicionado que a Índia, líder mundial do setor. Resultado: os indianos perceberam isso e estão vindo para cá. A primeira a chegar foi a Tata Consultancy Services (TCS), maior empresa asiática de serviços de tecnologia, com faturamento de US$ 2,24 bilhões no último ano fiscal. A companhia, que abriu a operação brasileira em novembro de 2002, já atende 30 clientes e emprega 350 funcionários no país. A TCS prepara o seu segundo centro de serviços em São Paulo, que será inaugurado nos próximos meses, e mantém uma unidade em Brasília. Sérgio Rodrigues, presidente da subsidiária local, afirma que o objetivo é atender o mercado interno, mas acredita que os contratos para prestar serviços a outros países a partir do Brasil podem responder por 20% do faturamento da subsidiária em 18 meses. "Estou certo de que as outras empresas indianas também virão. Brasil e Índia não concorrem, mas são complementares." Esta também é a avaliação da Satyam, quarta maior empresa indiana de serviços de tecnologia, com cerca de 23 mil funcionários. A companhia acaba de abrir um escritório em São Paulo, que será oficialmente anunciado no segundo semestre. Ram Mynampati, presidente mundial da Satyam, disse em entrevista ao Valor que a idéia é usar o Brasil como centro de serviços para o mercado latino-americano. O executivo avalia que a chegada de companhias indianas no Brasil será positivo. "Aprecio o esforço do país para ser um competidor nessa área, mas não há substituto para a experiência. Acho que empresas como a Satyam podem ajudar no amadurecimento do mercado local." (RC)