Título: Bank of America procura país para hospedar call center de 4 mil posições
Autor: Ricardo Cesar
Fonte: Valor Econômico, 08/07/2005, Empresas, p. B3

O americano Bank of America está procurando empresas fora dos Estados Unidos que possam assumir o seu call center de língua espanhola. O Brasil chegou a ser avaliado como alternativa, mas deve ser descartado pela dificuldade de reunir um número suficiente de pessoas fluentes em espanhol. O Bank of America tem um call center de língua espanhola de nada menos do que 4 mil posições, informa Alex Zornig, vice-presidente de finanças do BankBoston, controlado pelo Bank of America e sediado no Brasil. O call center é gigante porque o Bank of America tem uma grande clientela entre a comunidade hispânica dos Estados Unidos. São cerca de 4 milhões de clientes, o equivalente a 10% da população hispânica americana. O banco tem clientes em 57% dos 6,9 milhões de domicílios hispânicos que existem na área que cobre. Esses clientes são responsáveis por US$ 15 bilhões em depósitos e por um terço das novas contas abertas, segundo avaliação feita pelo banco em 2004. A primeira alternativa do Bank of America foi procurar o México. Mas a instituição esbarrou em um grande problema cultural: os mexicanos ou descendentes de mexicanos residentes nos Estados Unidos abominam a idéia de que algum outro mexicano tenha acesso a seus dados bancários. A segunda alternativa foi o Chile. Nesse caso, o problema foi não encontrar um call center do tamanho necessário. O Brasil está se esforçando para entrar no mapa internacional das alternativas de terceirização, um negócio que deve movimentar US$ 636 bilhões neste ano e deve chegar a US$ 755 bilhões em três anos, segundo a consultoria A.T. Kearney. Hoje, cerca de 10% deste total tem potencial de ser realizado a partir de países distantes da sede das companhias que contratam os serviços terceirizados. Bruno Laskowsky, vice-presidente da A.T. Kearney, destaca que em algumas áreas o Brasil leva desvantagem. É o que acontece com o próprio call center, em que a barreira da língua representa um obstáculo importante. Mas em outros setores, como desenvolvimento de sistemas para o setor bancário, o país pode se posicionar como um forte competidor internacional.