Título: Empresas têm políticas diferenciadas de proteção
Autor: Cristiane Perini Lucchesi
Fonte: Valor Econômico, 08/07/2005, Finanças, p. C1

O presidente de uma empresa de bebidas disse que a companhia decidiu no ano passado fazer hedge por conta dos insumos importados, como alumínio e malte. À época, a estimativa era de que o dólar ficasse em 2005 na casa dos R$ 3,10. O dólar se desvalorizou e o resultado é que a empresa apresentará no primeiro semestre um resultado positivo, mas menor do que poderia ter obtido. A análise, agora, é de que o dólar já atingiu seu patamar mais baixo. Mas a empresa decidiu não fazer hedge porque o custo é alto e há a percepção de que, no curto prazo, o dólar não irá disparar. A não ser que a crise política contamine a economia. Por isso, a empresa está acompanhando atentamente os acontecimentos em Brasília. "Antes, conversávamos com o pessoal da mesa duas vezes por semana. Agora, três vezes por dia", diz. Segundo ele, há alguns fatores já elencados que podem desencadear a decisão de fazer hedge. O mais importante deles é se a crise atingir o presidente Lula. Por enquanto, a imagem é de que ele não teve competência para escolher as pessoas que participam do governo, mas que ele não participa de qualquer esquema, de acordo com a empresa. Se a crise atingir Lula, ele não sairia candidato em 2006 e isso poderia favorecer uma candidatura mais populista, com efeitos sobre o câmbio. E o mercado anteciparia os efeitos. Já a Braskem tem uma política aprovada em conselho para o hedge cambial. "É justamente para evitar discussões sobre as perdas ou ganhos com hedge ou se o dólar vai subir ou cair", disse o diretor financeiro, Paul Altit. "Temos uma política clara de gestão de risco", contou. Segundo ele, o objetivo não é ganhar ou perder com o hedge, mas sim se proteger para reduzir as volatilidade do resultado. Da dívida em dólar líquida que vence em 12 meses, 70% têm de ser protegida. Quando a dívida em dólar é vinculada à exportação, o percentual de hedge necessário cai para 60%. São descontados as contas a pagar de fornecedores.