Título: CSN lança US$ 500 mi de eurobônus perpétuos; demanda vai a US$ 2,3 bi
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Fonte: Valor Econômico, 08/07/2005, Finanças, p. C2

SÃO PAULO - A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) fechou ontem sua primeira operação de captação externa por meio de um eurobônus perpétuo, sem vencimento final, com demanda que foi a US$ 2,3 bilhões, segundo informou José Olympio, responsável pelo banco de investimentos do Credit Suisse First Boston (CSFB) no país, um dos bancos que liderou a operação. O diretor financeiro da CSN, Octavio Lazcano, estava em Londres ontem na hora dos atentados terroristas, mas a operação não foi prejudicada em nada pelos atentados, afirmou José Olympio.

No fim, a empresa resolveu tomar US$ 500 milhões, bem mais do que os US$ 150 milhões lançados inicialmente, tamanha a demanda por seus bônus. " Há uma enorme procura por papéis de rendimento mais alto de empresas de qualidade por parte dos investidores de varejo da Ásia " , contou José Olympio. Segundo ele, 70% dos investidores que compraram o papel foram os investidores de varejo, ou seja, as pessoas físicas. Da Ásia, vieram 45% do total da demanda, afirmou o responsável pelo banco de investimentos do CSFB.

O rendimento proposto ao investidor quando os títulos foram lançados, de 9,625% ao ano, foi reduzido para 9,5% ao ano, de acordo com José Olympio. Os papéis podem ser resgatados pela empresa a partir de seu quinto ano de existência e, para o especialista, a demanda forte representa uma aposta implícita do investidor de que a classificação de risco de crédito do Brasil vai melhorar, contribuindo para melhorar a nota da CSN e seu risco de crédito, reduzindo os rendimentos pagos por seus títulos. " Se a empresa resgatar os papéis, os investidores terão comprado um papel de cinco anos com um rendimento bem alto " , comenta.

O especialista diz que " os investidores não estão nem se lixando com a crise política no país " e que há um descolamento da situação econômica com a política. Para José Olympio, há uma " inacreditável liquidez na Ásia e uma escassez de papel " . Por isso, segundo ele, as empresas brasileiras têm hoje uma " oportunidade fantástica, uma janela que deve ser aproveitada " .

Ele considera que os bônus perpétuos, de especial interesse dos asiáticos, podem ser usados pelas empresas brasileiras para substituir o capital da empresa por dívida. Haveria ganhos das companhias sempre que o lucro por ação sobre o preço da ação fosse maior do que o custo da dívida após imposto.