Título: Experiência em "games" garante sociedade de filho de Lula com Telemar
Autor: André Vieira
Fonte: Valor Econômico, 11/07/2005, Política, p. A8

"Ele tem 'expertise' em 'games', conhece tudo e sabe o que este público gosta", disse o sócio Leonardo Brada Eid.

experiência em jogos eletrônicos de Fábio Luiz Lula da Silva, de 30 anos, filho do presidente da República, garantiu uma participação societária de 16% da Gamecorp, uma empresa criada para produzir conteúdo para a telefonia celular e programação de games na televisão. A companhia recebeu R$ 5 milhões em investimentos da Telemar, numa transação que envolveu a transferência de 35% do capital (R$ 2,5 milhões) e um acordo de exclusividade (R$ 2,5 milhões) com a operadora. A Gamecorp foi criada no fim de 2004, mas sua existência veio público com a intensificação da crise política envolvendo o PT e integrantes do governo. Mesmo com a turbulência envolvendo o nome da empresa, os sócios não pensam em refazer suas projeções. A previsão é faturar R$ 6 milhões neste ano e outros R$ 15 milhões em 2006 com receita de publicidade. "Estamos neste negócio há dois anos e queremos esclarecer tudo. Não pretendemos mudar as coisas no momento em que estamos a ponto de bala", disse ontem Brada Eid, depois de ler o noticiário divulgado no fim de semana. Desde 2003, ele e seus sócios mantêm no ar, na TV Bandeirantes, um programa sobre games, cuja inspiração é o G4, um canal dos EUA voltado ao público jovem. Eles detêm a licença do canal no Brasil. Há 15 dias, estrearam um outro programa na Mix TV (ex-canal Shop Tour), do empresário João Carlos Di Gênio, com quatro horas diárias de duração. Segundo Brada Eid, a participação de Fábio vem desde o lançamento do canal há mais de dois anos. "Ele já escreveu uma coluna na 'Folha de S.Paulo' sobre o assunto", disse. A operação que levou à entrada da Telemar na Gamecorp para no futuro criar um canal de "games" com 24 horas de programação diária começou a ser delineada em 2004 pela consultoria Trevisan depois que a americana G4 recusou investir diretamente no Brasil. Os sócios brasileiros decidiram procurar investidores. A Trevisan fez um plano de negócios e convocou investidores, dos quais a Telemar chegou como finalista. A outra era a Brasil Telecom. A Telemar foi a escolhida, pagando R$ 2,5 milhões por um terço do capital da Gamecorp numa operação de emissão de debêntures, convertidas em ações em menos de um mês. Segundo o sócio da Trevisan, Richard Dubois, a escolha deste instrumento financeiro partiu de sugestão de advogados da Telemar porque o conselho de administração da operadora demorou para analisar a transação. "Em menos de um mês, a diretoria aprovou a compra dos papéis." Segundo Dubois, os outros R$ 2,5 milhões foram arbitrados mas exigiu-se exclusividade no fornecimento de conteúdo. "Foi uma forma dela (Telemar) poder fazer pressão como sócia minoritária", explicou Dubois. À exceção de uma transferência de R$ 200 mil do capital de uma empresa que tinha Badra Reis como sócio, os demais acionistas não injetaram dinheiro na Gamecorp. "Existem outros valores numa empresa, como sua marca, experiência em gestão e conhecimento do mercado. Nem sempre isso está incluído numa operação contábil."