Título: Governo espera concluir a reforma ministerial amanhã
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Fonte: Valor Econômico, 11/07/2005, Política, p. A4

SÃO PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comanda a décima reunião ministerial do seu governo amanhã, quando espera concluir todas as mudanças nos ministérios. Lula apresentará formalmente os novos integrantes da equipe e, mais uma vez, pedirá um choque de eficiência na gestão pública. Com a troca de vários ministros e a ampliação do espaço do PMDB no Executivo, Lula tenta retomar a agenda positiva em meio à profunda crise política que abalou o partido do presidente e paralisou mais uma vez o governo.

Além dos novos ministros do PMDB, já empossados, deve ser anunciado hoje o substituto do ministro Romero Jucá, da Previdência, que pediu demissão. O presidente confirmou na sexta-feira a escolha de Luiz Marinho, presidente da CUT, para ser o ministro do Trabalho, no lugar de Ricardo Berzoini, que vai voltar à Câmara e foi escolhido, no fim de semana, para o cargo de secretário geral do PT.

Lula também fez questão de desmentir que o ministro Luiz Gushiken, da Secretaria de Comunicação, estivesse deixando o governo. Segundo o presidente, Gushiken, que pediu demissão na semana passada, só sai se quiser. Como ele não foi obrigado a pedir demissão, é preciso aguardar o real desfecho desse caso.

O presidente terá que escolher também o substituto do ministro da Educação, Tarso Genro, designado no fim de semana para presidir o PT, e do ministro da Previdência, Romero Jucá. Junto com Cristovam Buarque, que já foi ministro no primeiro ano do mandato, e Tarso Genro, ministro no segundo ano, Delgado integra o grupo de políticos mais preparados do partido. O presidente Lula ainda poderia indicar, para o MEC, o ministro Luiz Dulci, da Secretaria Geral da Presidência da República, que na primeira troca de ministros esteve cotado para o cargo.

A saída de Dulci do Palácio do Planalto abriria a possibilidade para a junção da Secretaria Geral, com a Secretaria Executiva do Conselhão e a Secretaria da Coordenação Política em uma única estrutura, a ser comandada pelo ministro Jaques Wagner. O presidente tinha ainda duas opções para a Educação: Walfrido Mares Guia, que não gostaria de tirar do Ministério do Turismo; e também Aldo Rebelo, mas nestes dois casos o ministério sairia das mãos do PT, que já perdeu o da Saúde.

Tarso Genro anunciou, em São Paulo, que pretende ficar no cargo até o fim do mês, acumulando a função de ministro com a de presidente do PT. A lei não veda esta acumulação, embora seja difícil levá-la adiante com as duas instituições - partido e governo - em crise. Genro anunciou também ter sugerido ao presidente o nome de seu secretário-executivo, Fernando Haddad, para ministro da Educação.

No PT, a proposta foi criticada. O ministro estaria com isso guardando lugar, nos dois meses de interinidade de Haddad, para voltar ao ministério caso não seja eleito presidente do PT no processo de eleição direta de setembro.

Lula insiste na idéia de ter um empresário neste seu novo ministério. O último que convidou foi Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, presidente da Firjan, para a Previdência. Hoje e amanhã deve ficar definida também a principal medida administrativa do choque de gestão pretendido pelo presidente: a unificação das Receita Federal e da Receita da Previdência, no Ministério da Fazenda, iniciativa acompanhada de outras providências destinadas a dar ao INSS condições de gerir com competência esta área do governo. Podem ser definidas também as mudanças nas estatais. José Eduardo Dutra, presidente da Petrobras, confirmou sexta-feira que está deixando o cargo para se candidatar em 2006.

Lula adiou por duas vezes a reunião ministerial. Primeiro, foi marcada para sexta-feira, depois foi adiada para hoje e, mais tarde, para terça. Para fazer o encontro amanhã, Lula precisou adiar o horário do vôo para Paris, onde participa, até sexta-feira, da Semana Brasileira na França.