Título: Discussão sobre carros será retomada dia 29
Autor: Sergio Leo
Fonte: Valor Econômico, 12/07/2005, Brasil, p. A3

Brasil e Argentina vão retomar as negociações sobre a política automotiva do Mercosul no dia 29, em reunião possivelmente em Buenos Aires, da qual participarão representantes dos setores privados e dos governos dos dois países. Luiz Moan, diretor da General Motors do Brasil, disse ontem que a indústria automobilística apóia a retomada das negociações desde que elas não signifiquem perda de competitividade nem retrocesso no comércio com a Argentina. O executivo admitiu que existe a possibilidade de prorrogação do prazo do acordo automotivo do Mercosul, que prevê o livre comércio no setor a partir de 1º de janeiro de 2006. Moan disse, porém, que não está definido o prazo da prorrogação, o que será discutido a partir do fim deste mês. A Argentina já sinalizou em adiar para 2008 o livre comércio no setor, mas, segundo Moan, não há uma proposta oficial sobre o tema. "Admitimos (a prorrogação), mas sem imposição", salientou o executivo. Hoje o comércio automobilístico do bloco é administrado por uma regra segundo a qual o país que importa um dólar pode exportar até US$ 2,6, explicou Moan. "Um retrocesso seria, sem dúvida, a redução dessa flexibilidade", salientou o executivo, que também representa a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Moan lembrou que as negociações foram interrompidas no início deste ano e a retomada das discussões contará com representantes da Anfavea, do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), da Associação de Fábricas de Automotores da Argentina (Adefa) e da Associação de Fábricas Argentinas de Componentes (Afac), além de representantes dos governos. De acordo com Moan, hoje o Brasil importa autopeças com imposto de importação de 10%, em média, enquanto na Argentina a alíquota de importação para o setor é de 16%. "A Argentina deve adotar a mesma alíquota brasileira por uma questão de competitividade. Quem quer lançar modelos precisa estimular, em um primeiro momento, a importação de uma determinada quantidade de autopeças porque é impossível produzir na região todos os insumos necessários para a produção de um veículo", avaliou Moan. Ele participou, ontem, de seminário bilateral Brasil-Argentina, no Rio. Ele salientou que boa parte das exportações brasileiras para a Argentina são de carros semi-montados ou de partes e peças. "O setor automotivo da Argentina é importante para o Brasil. Trabalhamos de forma complementar. Para nós interessa avançar no estabelecimento de uma política automotiva comum no Mercosul. Para isso, nós pedimos três coisas: evitar as negociações de última hora, perder de vista que o objetivo é o livre comércio e tomar qualquer medida, a curto prazo, que signifique retrocesso do comércio", disse.