Título: Conclusão da reforma ministerial pode ficar para depois da viagem a Paris
Autor: Taciana Collet, César Felício e Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 12/07/2005, Política, p. A6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode concluir a reforma ministerial somente depois que voltar da viagem a Paris, onde participará da Semana Brasileira na França. Hoje está prevista apenas a posse do novo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que assumirá no lugar de Ricardo Berzoini. O Palácio do Planalto quer fazer da posse de Marinho um grande evento e teme que o anúncio de novos ministros possa ofuscar o fato. Logo depois da posse do novo ministro do Trabalho, o presidente deve comandar a décima reunião ministerial ainda com a equipe incompleta. Ainda ontem, estava previsto um encontro do presidente Lula com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE) para tratar da participação do PP no governo. Há pressões ainda da bancada do PMDB na Câmara por um quarto ministério. Se estas pressões não obrigarem Lula a mais uma vez alterar a cota de ministérios do PT, são grandes as chances de o ministro da Educação, Tarso Genro, que assumiu a presidência do PT, ser substituído pelo seu secretário executivo, Fernando Haddad. Além de contar com o apoio público do ainda ministro, Haddad também transita com muita facilidade no PT paulista. Haddad foi adjunto da Secretaria de Finanças de São Paulo no governo Marta Suplicy, durante a gestão de João Sayad. Em seguida, foi assessor do Ministério do Planejamento, na gestão de Guido Mantega, hoje presidente do BNDES. A pressão pemedebista pode diminuir com a nomeação do ex-deputado mineiro Aloisio Vasconcelos para a presidência da Eletrobrás, confirmada ontem. O anúncio foi feito pelo próprio Vasconcelos durante a solenidade de transmissão de cargo nas Minas e Energia. Vasconcelos atende ao mesmo tempo a dois critérios: o técnico e o político. Experiente no setor elétrico, acumula diversas passagens pela Cemig, em diferentes áreas da companhia mineira. Duas vezes ex-deputado pelo PMDB, é ligado ao ex-governador e ex-presidente Itamar Franco. A pressão pemedebista é dificultada pela falta de empenho do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em travar a batalha por mais cargos e pelo fato de os pemedebistas na Câmara estarem sendo liderados interinamente pelo deputado Wilson Santiago (PB), que só deverá ficar na função por um mês. O Ministério da Previdência, ainda ocupado por Romero Jucá, deverá de fato ganhar uma feição técnica. Não havia definição, na tarde de ontem, entre um nome da iniciativa privada ou da equipe econômica. Certo é o perfil: um especialista em gestão, com notoriedade pública no ramo. Na Eletronorte, cuja presidência continua vaga após a saída do petebista Roberto Salmeron em função das denúncias do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), a indefinição ainda é grande. O ex-presidente e senador José Sarney (PMDB-AP) tenta emplacar o atual diretor financeiro Astrogildo Quental para o comando da empresa. Já o PT acredita que o PMDB, em particular o grupo ligado a Sarney, está ganhando muito espaço no setor elétrico e defende uma indicação técnica. Nesse caso, surge a possibilidade de a presidência ficar com José Antônio Corrêa Coimbra, funcionário de carreira, que tem 28 anos de Eletronorte.