Título: Crise política afeta economia filipina
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 12/07/2005, Internacional, p. A7

As agências de classificação de risco Standard & Poor's e Fitch rebaixaram a perspectiva da dívida das Filipinas de estável para negativa. A dívida pública filipina está em torno de US$ 69 bilhões. Trata-se de sinal importante de que a grande turbulência política, com pressão pela renúncia da presidente Gloria Macapagal Arroyo, está afetando a economia do país. O Banco de Desenvolvimento da Ásia, por sua vez, rebaixou na semana passada sua estimativa de crescimento das Filipinas para menos de 5% neste ano, devido principalmente à insuficiente reforma fiscal e à alta do petróleo. Em 2004, as Filipinas tiveram o maior crescimento em 15 anos: 6,1%. No primeiro trimestre de 2005, o crescimento anualizado foi de 4,6%. Mas o BDA adverte que o país não está à beira de uma crise financeira, apesar dos problemas econômicos e políticos que enfrenta. Apenas 2 em cada 10 filipinos confiam na presidente, sendo que quase a metade do país crê que ela deveria renunciar, segundo uma pesquisa feita no momento em que Macapagal enfrenta acusações de fraude eleitoral e de corrupção envolvendo sua família. O instituto de pesquisa Pulse Asia fez o levantamento no final do mês passado, antes de Arroyo admitir ter ligado para a principal autoridade eleitoral durante a contagem dos votos do pleito presidencial do ano passado. Ela nega que a ligação tivesse como objetivo interferir nos resultados eleitorais, como acusa a oposição. O marido da presidente, José Miguel Arroyo, acusado numa investigação do Senado de ligações com apostas ilegais, deixou o país e foi para os EUA. Apesar de negar ter cometido irregularidades, ele disse que saiu do país para que sua mulher receba menos pressão. Na semana passada, porém, a influente Igreja Católica se recusou a endossar o pedido de renúncia da presidente, o que foi entendido como um apoio implícito, que fez a oposição recuar e pode garantir Macapagal no cargo. A pesquisa mostrou que a aprovação de Arroyo alcançou recorde de baixa, em 20%, enquanto a desconfiança em relação a seu governo também chegou a um recorde, alcançando 53%. Segundo a Pulse Asia, apenas 22% acreditam que Arroyo tenha vencido a eleição de forma limpa, sendo que 48% dizem que ela deveria renunciar. O secretário-executivo da Presidência, Eduardo Ermita, afirmou que a avaliação do governo é de que os números refletem uma fase difícil provocada principalmente pelos efeitos da reforma fiscal. Segundo a pesquisa, 56% dizem haver boas alternativas a Macapagal, como o vice-presidente Noli de Castro (30%) e até o ex-presidente Joseph Estrada (19%), que está preso à espera de julgamento por acusações de corrupção. O candidato derrotado na eleição passada, o ator Fernando Poe Júnior, morreu de derrame em dezembro. O diretor da Pulse Asia, Felipe Miranda, disse que a pesquisa foi encomendada por "uma figura de identificação próxima com a oposição política filipina", mas insistiu que esse fato não compromete a integridade da pesquisa. A margem de erro é de três pontos percentuais para cima ou para baixo.