Título: Argentina paga menos em nova emissão interna
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Fonte: Valor Econômico, 12/07/2005, Finanças, p. C1
BUENOS AIRES - O governo argentino emitiu ontem mais 1 bilhão de pesos em bônus domésticos, com vencimento em 2014, e conseguiu financiar-se a uma taxa mais baixa do que a obtida em uma licitação similar realizada na semana passada.
O rendimento oferecido na terceira emissão de títulos depois da saída do default foi de 5,20%, mais o índice de inflação oficial. As ofertas superaram os 5 bilhões de pesos. Semana passada, o governo havia vendido bônus a 5,51% e em maio tinha feito outro leilão - o primeiro desde o default de dezembro de 2001 - em que pagou juros de 6,51%.
A garantia de que o rendimento não será corroído pela inflação é o principal atrativo do título, e a perspectiva de que as autoridades vão continuar se esforçando para manter a cotação do dólar em torno de 2,90 e 3 pesos faz com que os papéis ofereçam um rendimento real que pode superar 15% ao ano em dólares.
Além disso, os investidores estrangeiros que decidam participar não são obrigados a imobilizar 30% dos fundos, em uma exceção às regras instituídas no mês passado para tentar inibir o ingresso de capitais especulativos ao país.
O governo realizou a emissão, equivalente a US$ 344 milhões, para refinanciar vencimentos da dívida interna. Como está sem acordo com o FMI, a Argentina enfrenta até o fim deste ano um pesado calendário de compromissos internos e externos, que totalizam US$ 6,259 bilhões entre agosto e dezembro. Analistas estimam que a diferença entre recursos disponíveis para o pagamento de dívida e a necessidade de financiamento é de US$ 2 bilhões até o fim de 2005.
Com a operação de ontem, as autoridades atingiram o limite de emissões no mercado doméstico de papéis com vencimento em 2014 previstas para este ano. No resto do período, o governo poderá emitir ainda o equivalente a US$ 550 milhões em títulos com resgate em 2012.
Por isso, espera-se que a Argentina lance nos próximos meses uma emissão de bônus no mercado internacional, que seria a primeira desde fevereiro de 2001. Segundo a imprensa local, funcionários do Ministério da Economia já estariam trabalhando na operação, prevista para ser levada a cabo a partir de setembro. Outra possibilidade em estudo é aumentar com um decreto a autorização para fazer novas colocações de dívida no mercado doméstico.