Título: Crise política leva Fitch a reafirmar nota de risco de crédito do Brasil
Autor: Cristiane Perini Lucchesi
Fonte: Valor Econômico, 12/07/2005, Finanças, p. C2

A crise política no Brasil não está sob controle, o que dificulta a aprovação das reformas necessárias no país e pode impactar a economia. Foi esse o argumento principal de Raphael Guedes, presidente da FitchRatings no Brasil, para justificar a decisão da agência de classificação de risco de crédito de manter a nota da dívida externa do Brasil em "BB-" e a perspectiva estável. A decisão foi considerada por alguns analistas uma ducha de água fria, visto que especialistas esperavam que a perspectiva da nota passasse a positiva, o que indicaria maior possibilidade de aumento no rating nos próximos meses. Há quem aposte que a Moody's ainda pode elevar a nota do Brasil, por conta dos fortes resultados na balança comercial, desempenho fiscal favorável ao pagamento da dívida e melhoria nos indicadores financeiros de solvência, principalmente na relação entre a dívida e o Produto Interno Bruto (PIB). Guedes confirma que os números das contas externas têm se mostrado favoráveis e que o desenvolvimento econômico do país está dentro do esperado. No entanto, segundo ele, a crise política está paralisando o governo. "Há risco de um descontrole que gere aumento nos gastos públicos", afirmou Guedes. Ele disse que a Fitch "vai continuar monitorando o impacto da crise política na economia no segundo semestre para então decidir que medidas tomar com relação ao rating brasileiro". Para o diretor-gerente da Fitch para países da América Latina, Roger Scher, a aprovação do orçamento de 2006 e das leis de diretrizes orçamentárias em agosto serão os grandes testes para definir se as denúncias de corrupção por parte de integrantes do governo vão acabar prejudicando a política fiscal. Os dados sobre crescimento econômico e produção industrial no segundo semestre vão sinalizar os impactos da crise sobre a economia, continua a explicar Scher, em documento divulgado pela Fitch. As exportações, que continuam a manter desempenho positivo apesar da apreciação cambial e da queda de preço de alguns commodities, também serão acompanhadas de perto.