Título: Gushiken perde status de ministro e será subordinado à Casa CivilTaciana Collet
Autor: Taciana Collet
Fonte: Valor Econômico, 13/07/2005, Política, p. A5

Com a reforma ministerial, Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica) perdeu o status de ministro - a pasta que ele comanda deixa de responder à Presidência e passa a ser uma secretaria subordinada à Casa Civil de Dilma Rousseff. O anúncio foi feito ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião ministerial, na qual foram apresentadas as mudanças feitas nos ministérios. O presidente confirmou que os ministros Aldo Rebelo (Coordenação Política), do PCdoB; Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia), do PSB; e Romero Jucá (Previdência), do PMDB; voltam ao Congresso. O atual presidente da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), Sérgio Rezende - filiado ao PSB - será o novo ministro da Ciência e Tecnologia. Ele estava presente à reunião e foi apresentado aos colegas. O Ministério da Coordenação Política foi extinto e sua competência passou para uma nova pasta - a Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e Relações Institucionais, que será dirigida pelo ministro Jaques Wagner. A Secretaria Especial de Direitos Humanos também perdeu o status de ministério e volta a ser subordinada ao ministério da Justiça. O ministro Nilmário Miranda não permanece no cargo porque pediu licença para poder se candidatar à presidência do PT de Minas Gerais em setembro. O substituto não foi escolhido. Também não foram anunciados os novos ministros da Previdência e da Educação, nem as mudanças nas estatais com a saída dos dirigentes que vão se candidatar nas próximas eleições. A conclusão da reforma deve ocorrer na segunda, quando o presidente já tiver voltado de Paris, para onde viajou ontem. O presidente chega ao país sábado pela manhã. Mas o ministro da Educação, Tarso Genro, que assumiu a presidência do PT, já anunciou que seu substituto será o secretário executivo do ministério, Fernando Haddad. "O presidente me autorizou a informar aos funcionários sobre a mudança. O trabalho não sofrerá nenhuma ruptura", salientou Genro, que deixa o governo no dia 27. Para a Previdência, está mantida a intenção de um nome técnico. Gushiken estava ontem em São Paulo e não participou da reunião. No fim da tarde, divulgou uma nota afirmando que foi idéia dele a transformação da Secom em secretaria e informou que encaminhou à Controladoria-Geral da União pedido para que indicasse um corregedor para controle interno da pasta. Sem o status de ministro, Gushiken perde o foro privilegiado na justiça. Desde o início, Gushiken foi um dos mais influentes assessores de Lula. Junto com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e com o ex-ministro José Dirceu, integravam, no início do governo, o chamado "núcleo duro", sempre ouvido por Lula na tomada de decisões. Gushiken informou também que pediu para Lula rever a composição da coordenação de governo já que ele não é mais ministro. Durante a reunião, o presidente se emocionou ao falar da transação comercial feita pelo filho, Fabio Luís Lula da Silva, com a Telemar. Disse que não se envolve em seus negócios, mas que tinha certeza que Fabio Luís não o colocaria em uma situação delicada. Considerou a denúncia "irracional". Lula disse ainda que tanto o PT quanto o governo erraram no processo da crise. O primeiro, por demorar a se explicar e o segundo, por ter se colocado contra a CPI dos Correios. O presidente afirmou ainda que o grande problema da crise era a paralização do país como um todo e do processo de crescimento econômico que estaria em curso. Durante a reunião - realizada logo depois da posse do novo ministro do Trabalho, Luiz Marinho - Lula justificou que os deputados Aldo Rebelo e Eduardo Campos não mais ficariam no governo porque precisava da ajuda deles no Congresso, com o agravamento da crise política. "O presidente acha que precisa de líderes e interlocutores no Congresso para ajudar a reorganizar a base aliada", afirmou Rebelo. Berzoini, que deixou a pasta do Trabalho, também vai reforçar a tropa de apoio no Legislativo. Além da ampliação do espaço PMDB no governo, Lula já mostrou interesse de ter o PP no governo. Para tratar do assunto, convidou o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), para uma conversa na segunda. "O presidente me ligou e disse que quer conversar comigo, mas não queremos ministério", disse Severino. Apesar da negativa, o PP sempre sonhou em participar do primeiro escalão. Ao fim do encontro, o ministro Antonio Palocci fez questão de comentar o resultado da pesquisa CNT/Sensus, que mostrou que a crise política não afetou a popularidade do presidente - o desempenho pessoal do presidente Lula melhorou de 57,4% em maio para 59,9% em julho. Diante dos números, todos os ministros bateram palmas. (Colaborou Henrique Gomes Batista)