Título: Operação de troca de C-Bonds pode não ocorrer no curto prazo, diz Levy
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 13/07/2005, Finanças, p. C2

O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, disse que a operação de troca do C-Bond, sinalizada na semana passada, não ocorrerá necessariamente no curto prazo. "Está em estudo", disse. "Essa é uma análise que não tem tempo para ocorrer." Quando questionado de forma específica quando a operação poderia ocorrer, o secretário desconversou. "Não é uma intenção de um momento", disse Levy. "Poderá ser em qualquer momento, poderá ser no ano que vem." Segundo ele, o Tesouro divulgou nota na semana passada, anunciando seus estudos para uma operação de troca do papel, por questões de transparência. "Tudo o que está na nossa cabeça a gente procura compartilhar." Levy afirmou que o anúncio da operação dependerá de fatores como as condições do mercado financeiro e o interesse do Tesouro em buscar a estrutura mais adequada para a dívida pública. As declarações de Levy, feitas pela manhã, chegaram a ser interpretadas como uma indicação de que a operação não é uma prioridade - e poderia ocorrer mais no longo prazo. À tarde, o Tesouro divulgou uma breve nota em que reitera o comunicado sobre o assunto divulgado em 6 de julho: "O Tesouro Nacional está, neste momento, avaliando a conveniência de realizar, em breve, operação de troca visando à retirada do título da dívida externa denominado C-Bond." O comunicado divulgado na semana passada não foi totalmente compreendido pelo mercado - normalmente, o Tesouro evita anunciar as operações de troca com muita antecedência, justamente para evitar uma maior valorização do papel. Em tese, há duas opções para a operação. Uma é a troca pura e simples, na qual um outro papel seria emitido no lugar do atual. O Tesouro também poderia exercer a cláusula de recompra do título - que permite que o papel seja adquirido por 100% de seu valor de face nos pagamentos de juros semestrais, em abril e outubro. Para exercer essa opção, porém, o Tesouro deve anunciá-la entre 30 e 60 dias de antecedência - ou seja, entre 15 de agosto e 15 de setembro próximos. Hoje, há US$ 5,6 bilhões em C-Bonds em mercado, e o volume vem se reduzindo desde 15 de abril de 2004, quando começou a sua amortização - são 21 pagamentos semestrais, até 2014. O principal argumento para retirar os C-Bonds de mercado é a cláusula de recompra - que impede que o papel se valorize muito além de 100% de seu valor de face.