Título: Nova regra do INSS divide as instituições
Autor: Altamiro Silva Júnior
Fonte: Valor Econômico, 13/07/2005, Finanças, p. C8

Crédito Consignado Mais 41 bancos na fila para emprestar a aposentado

As novas regras do INSS para o crédito consignado a aposentados e pensionistas, divulgadas no Diário Oficial da União do último dia 11, foram bem-recebidas pelo mercado. Os especialistas ouvidos pelo Valor afirmam que elas vão disciplinar esse tipo de empréstimo e evitar problemas para os aposentados, que agora terão de ser informados de todos os valores e taxas e não poderão mais contratar empréstimos por telefone. O crédito consignado para aposentados e pensionistas já é feito por 33 bancos e nada menos que 41 instituições estão na fila para se cadastrar no INSS, que voltou a fazer novos convênios desde o dia 1º, depois de mais de 40 dias sem aceitar novos cadastramentos. Entre estes bancos, estão o Banco Real e o Fibra, segundo uma fonte do mercado. "As novas normas vão trazer mais disciplina para o mercado", destaca Roberto Rigotto, vice-presidente do BMG, o primeiro no ranking do crédito para consignado, à frente da Caixa Econômica Federal. Para ele, os bancos terão que mostrar mais eficiência. O INSS exige que os aposentados saibam, previamente, das taxas de juros e outras tarifas que incidem sobre o empréstimo. Além disso, qualquer desconto indevido deve ser estornado em até 48 horas. Adolpho Nardy, superintendente do Banco Cruzeiro do Sul, um dos pioneiros no crédito para aposentados, achou excessiva as restrições para as operações feitas por telefone. "Será menos um serviço para o aposentado", disse. Segundo ele, as fraudes são mínimas, quando comparadas com o total de operações, e não justificam o fim do serviço por telefone. Segundo o INSS, a maior parte das fraudes envolvia operações fechadas por telefones. Outra medida do INSS foi liberar o prazo máximo dos empréstimos (que antes eram limitados a 36 meses). A medida tem opiniões divergentes. Nardy, do Cruzeiro do Sul, achou positiva. O banco já começou a oferecer crédito com prazo de 48 meses com as mesmas taxas do empréstimo de 36 meses. Já Rigotto, do BMG, acha que o mercado vai trabalhar com prazos menores, pois períodos mais longos vão exigir juros maiores, o que pode acabar inviabilizando o crédito consignado. No banco mineiro, o prazo médio dos empréstimos é de 30 meses. Com relação aos novos bancos que estão entrando no mercado, os executivos acham que a tendência para o consignado é crescer a taxas bem mais modestas que no passado. "A demanda já está próxima de ser estabilizada", diz Rigotto, do BMG. Norival Puglieri, diretor do Banco Paulista, ressalta que a saída para o setor é ir atrás dos aposentados e pensionistas com níveis de renda mais baixos. "Quem tem aposentadoria maior e precisava de crédito já fez empréstimos", disse. Puglieri aponta, porém, um novo problema, ainda não contemplado pela legislação. Muitas destas pessoas que ganham um ou dois salários mínimos não têm conta corrente, ou seja, oferecer crédito vira um trabalho burocrático e demorado. Um pesquisa do Vox Populi, que foi apresentada ontem na Associação Brasileira de Bancos (ABBC) e será divulgada nos próximos dias, mostra uma avaliação bem positiva da população. Entre os aposentados ouvidos, 37% se declararam "muito satisfeitos" e 59% "satisfeitos" com o crédito consignado.