Título: Construtoras sofrem mais com a oscilação de mercado
Autor: Paulo Henrique de Sousa
Fonte: Valor Econômico, 13/07/2005, Empresas, p. B6

Construção Indústria e comércio conseguem manter certa estabilidade

As empresas da construção civil leve (incorporadoras) e pesada (empreiteiras) foram as que registraram as maiores variações de faturamento de 1998 a 2004, dentro do que se convencionou chamar de "construbusiness" (o negócio da construção), segundo o estudo "Desempenho Econômico e Financeiro e Percepção de Risco de Crédito", da Serasa. O estudo dividiu o setor em três segmentos: construção civil (empreiteiras e incorporadoras), indústria de material de construção (cimento, cerâmica, material elétrico, tintas e plástico) e comércio de material de construção (redes de varejo e pequenas lojas). Os últimos dois segmentos sofreram menos com o sobe e desce do mercado de construção no país nos últimos anos. Em 1998, por exemplo, o faturamento da construção civil leve e pesada cresceu 20,4%, enquanto o da indústria subiu 3,7% e do comércio, 4,2%. No ano seguinte, a construção civil despencou 21,7%, enquanto a indústria subiu 7,2% e o comércio, 2%. De 2000 a 2002, os três segmentos tiveram elevação do faturamento mais ou menos semelhantes. Mas em 2003 - o ano que os empresários do setor não vão esquecer tão cedo -, a construção civil voltou a cair de forma muito mais acentuada (-20%) do que os segmentos de indústria (-4,5%) e comércio (-4%) de material de construção, mostra o estudo. No ano passado, o segmento de comércio de material de construção reverteu a tendência dos anos anteriores e faturou 14,6% mais do que em 2003 - a construção civil cresceu 12,3% e a indústria de material, 6,1%. Amaryllis Romano, da Tendências Consultoria, observou que 2004 foi o ano da recuperação do setor, pois "a retomada da atividade econômica favoreceu a construção de edificações". Para este ano, a analista estima que o produto da construção cresça 4,4%, bem acima da projeção do Produto Interno Bruto (PIB) da própria Tendências, que é de 3,2%, conforme informou o economista Gustavo Loyola. Mas Amaryllis atribuiu à expansão do setor da construção só o acréscimo de renda e do volume de financiamentos. De janeiro a maio deste ano, os financiamentos alcançaram R$ 909 milhões, quase o dobro dos R$ R$ 460 milhões do mesmo período do ano passado. Com a expectativa de desemprego menor, isso forma o cenário favorável traçado pela analista da Tendências, que favorece o "consumo formiguinha". A analista observou ainda que praticamente não há novas obras de infra-estrutura que pudessem impulsionar e animar o setor. As exceções estão nos estados de São Paulo, principalmente no Porto de São Sebastião e no corredor rodoviário de Campinas, e de Minas Gerais, com a rodovia MG-050. Para Amaryllis, as Parcerias Público-Privadas (PPP) enfrentam um cenário complicado e devem mesmo ficar para o próximo governo. Com o mercado interno andando devagar, as maiores empresas de cada segmento buscam as exportações como alternativa. Amaryllis lembrou que o Brasil já é o segundo maior exportador de revestimentos cerâmicos, cujo principal comprador são os Estados Unidos, um mercado exigente e para onde são vendidos produtos mais caros. "O setor conseguiu se capacitar e aproveitar o boom imobiliário internacional", comentou.