Título: Levy nega, mas poderá ir para a Secretaria da Receita
Autor: Maria Lúcia Delgado
Fonte: Valor Econômico, 14/07/2005, Política, p. A5

O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, voltou a dizer ontem que não será ministro da Previdência, apesar da intensa circulação de informações no governo nesse sentido. Ele também afirmou que não será o titular da nova Secretaria da Receita do Brasil, que vai unificar as arrecadações tributária e previdenciária. Fontes do governo asseguraram ontem, porém, que titular desta nova secretaria Levy já é, o cargo está reservado para ele. O que o ministro Antonio Palocci, da Fazenda, ainda estaria tentando, é transformá-lo mesmo em ministro da Previdência. Respondendo às insistentes perguntas de jornalistas sobre as especulações, Levy afirmou ontem que "não seria muito elegante elaborar em relação a esse ponto". Ele se referia a uma suposta recusa a um convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na convicção de Levy, qualquer pessoa que tiver os instrumentos adequados pode ter muito sucesso na Previdência "se contar com um conjunto de condições que permitam um trabalho coerente". Nessa análise, o nome do novo ministro não é importante para o secretário do Tesouro. "O que falei, tá falado", disse Levy sobre sua afirmação recusando um novo papel no governo. Ele disse que há um compromisso do governo em cuidar da Previdência. O que preocupa a equipe econômica é o tamanho do déficit. Se no ano passado o resultado foi negativo em R$ 31,98 bilhões, a meta para 2005, fixada na Portaria 597 é de R$ 31,96 bilhões para o déficit. A Previdência, segundo Levy, é fundamental para o crescimento do país e, sendo uma fonte de benefícios para a sociedade, não pode causar apreensões fiscais. Nesse contexto, ele reconheceu que a criação da Secretaria da Receita do Brasil "pode ser um dos elementos" nessa gestão. O presidente Lula retomará, na segunda-feira próxima, o anúncio das mudanças que vem promovendo no governo. Ele chegará ao Brasil, de volta de sua viagem à França, no fim de semana, e passará o sábado e domingo fazendo as últimas escolhas. O ministério da Previdência deve ser a única pasta a ter seu comando alterado. Outras mudanças, segundo informam fontes do governo, devem atingir agora apenas as estatais. Embora Levy já seja dado como certo na Secretaria da Receita do Brasil, há, segundo comentam políticos aliados ao governo no Congresso, uma disputa interna em torno do preenchimento do cargo de ministro. O presidente Lula não teria se convencido ainda da necessidade de colocar ali um integrante da equipe econômica em detrimento da ampliação de sua base de apoio político.