Título: Wagner inicia aproximação com Congresso
Autor: Maria Lúcia Delgado
Fonte: Valor Econômico, 14/07/2005, Política, p. A5

O novo articulador político do governo, ministro Jaques Wagner, afirmou ontem que as recentes pesquisas de opinião - que indicam boa popularidade do presidente Lula mesmo na crise política aguda por que passa o governo - afastam de vez a proposta da oposição de, em troca da desistência da reeleição em 2006, ter garantida a governabilidade. "Lula nunca falou sobre isso (abandonar o projeto de reeleição) e se a oposição fala isso é porque reconhece a força do presidente", disse. O ministro também afirmou que acredita que o Congresso não aprovará o fim da reeleição, algo que começa a ser articulado por alguns partidos independentes e de oposição. "O Congresso tem maturidade para não fazer casuísmo e mudar a regra de um jogo que já está sendo jogado", afirmou. Ele, pessoalmente, diz ser favorável ao fim da reeleição, ao mandato de cinco anos e da coincidência de todas as eleições do país em uma mesma data. "Mas tudo isso precisa ser discutido sem pensar em objetivos imediatos", disse. Wagner se reuniu ontem com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE) para começar uma aproximação sua com o Congresso. "O presidente Lula me chamou para ser um jogador de campo", disse, afirmando que estará sempre no Parlamento. Ele disse que não vai "inventar a roda" da negociação política e que a base da negociação com o Congresso será a mesma da atual, "só muda a pessoa", evitando criticar o antecessor da pasta, Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Mas o novo coordenador político reforçou dois pontos que parlamentares reclamavam na coordenação política do Planalto: o acesso às decisões e o descumprimento de acordos. "Aqui vale o fio do bigode e vou pedir um voto de confiança aos parlamentares com base no meu histórico de 12 anos na Câmara", afirmou. Ele também afirmou que a base da coordenação política será o diálogo. "Não vou conversar apenas com a base", disse a um grupo de deputados do PFL. O ministro confirmou que o presidente Lula se reunirá na segunda-feira com ele e com os ministros Antonio Palocci (Fazenda) e Dilma Rousseff (Casa Civil) para definir a pauta política do segundo semestre. Ele, entretanto, não adiantou quais projetos poderão ser considerados prioritários. O ministro defendeu, também, a situação do presidente nas denúncias de irregularidades em uma empresa de sociedade do filho, Fábio Lula da Silva, com a Telemar. "Cada pai conhece bem seu filho e o presidente tem absoluta confiança sobre seu filho", afirmou. Há denúncias de que, com apenas R$ 50 mil, o filho do presidente se tornou sócio de uma empresa de jogos eletrônicos que recebeu aportes de R$ 5 milhões da companhia telefônica.