Título: Falta de acordo com ruralistas adia novamente votação da LDO
Autor: Henrique Gomes Batista
Fonte: Valor Econômico, 14/07/2005, Política, p. A6

A falta de acordo do governo com os parlamentares da bancada ruralista - que pedem tratamento diferenciado na renegociação de dívidas dos produtores agrícolas - impediu que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) fosse analisada hoje pela Comissão Mista do Orçamento do Congresso. "Estou saindo sem nenhuma solução, a situação ainda continua na mesma", afirmou o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, ao deixar reunião com ruralistas e com o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). Uma nova reunião entre ruralistas e governo foi marcada para a manhã de terça-feira. "Até lá vou me reunir com o ministro da Fazenda e vamos trazer uma proposta de renegociação para a dívida de custeio do setor", disse Mercadante. O senador não adiantou a proposta do governo, mas assegurou que ela levará em conta tanto a atual situação da dívida quanto a capacidade de endividamento futuro dos produtores. Ele não sabe precisar o valor da dívida. Ele acredita que ainda é possível chegar a um acordo no dia 19. Caso isso ocorra, o senador acredita que a LDO poderá ser votada no mesmo dia na Comissão e no dia 20 no Congresso. Se isso ocorrer, Câmara e Senado entrarão em recesso do dia 21 a 2 de agosto, atendendo à pressão de grande parte dos parlamentares. Mercadante enumerou as diversas iniciativas que o governo está tomando para atender aos pedidos dos produtores rurais. "Estamos trabalhando para atender os produtores, a crise vivida pelo setor é real", afirmou o ministro da Agricultura. Entre os principais problemas do setor está a seca no sul, a queda da cotação do dólar e a supersafra de alguns produtos. O deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO), atuando como porta-voz dos ruralistas, saiu desanimado da reunião com Mercadante e Rodrigues. "A dívida de custeio já está vencendo, tem alguns produtores que já estão inadimplentes e o ministro da Fazenda está totalmente insensível", disse.