Título: CNI reduz para 3,2% a estimativa de crescimento do PIB em 2005
Autor: Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico, 15/07/2005, Brasil, p. A4

O aperto da política monetária fez com que os economistas da Confederação Nacional da Indústria (CNI) reduzissem as projeções de crescimento de diversos indicadores da economia para este ano. Estão mais pessimistas as expectativas de aumento do Produto Interno Bruto (PIB), da produção industrial, do PIB da indústria, dos investimentos e do consumo das famílias. Em março, eles esperavam que o PIB do país aumentasse 4% em relação a 2004, mas agora acreditam que a variação será de 3,2%. A expectativa da produção física da indústria também caiu, de 4,8% para 3,8%. A CNI espera variação de 4,2% do PIB industrial, ante os 4,8% projetados há quatro meses. A queda só não foi maior graças à indústria extrativa mineral (petróleo e minério de ferro). A previsão de investimentos (formação bruta de capital fixo) para 2005 foi reduzida de 8,5% do PIB para 4%. O consumo, mesmo enfraquecido, ainda guarda fôlego, segundo a CNI, porque houve ganhos reais nos salários. Além disso, os juros nos empréstimos com desconto em folha tiveram redução de 39%, em dezembro de 2004, para 35,6% em maio de 2005. Nas previsões para este ano, o consumo das famílias deverá crescer 2,9%, ante 4,5% previstos em março. A explicação da CNI para a expectativa mais pessimista está nos juros altos, que "vêm prejudicando mais o investimento que o consumo". Flávio Castelo Branco, coordenador da unidade de política econômica da CNI, afirma que o primeiro semestre foi dominado por um longo período de aperto monetário, que provocou a desaceleração. "Esperávamos o fim da alta dos juros em abril, mas ele só veio em junho." Mas não foram apenas essas três previsões - PIB, produção industrial e PIB da indústria - que ficaram mais pessimistas na análise da CNI. A média da taxa de juros neste ano, a relação dívida/PIB e o déficit nominal também receberam previsões piores que as feitas em março. A média da taxa básica Selic em 2005, cuja previsão era de 18%, subiu para 19,1%. A projeção da participação da dívida no PIB saltou de 50% para 50,5%. E a previsão do déficit nominal também aumentou, de 2,4% para 3,2% do PIB. As exportações ganharam números melhores que os previstos em março: saltaram de US$ 108 bilhões para US$ 114 bilhões. A análise da CNI reconhece que a demanda mundial, principalmente nos EUA e China, está aquecida, o que mantém os preços de alguns produtos em alta no mercado internacional. Segundo Castelo Branco, esse efeito anula parcialmente, para alguns segmentos, os efeitos negativos do câmbio. As projeções da entidade apontam para um superávit primário de 4,5% do PIB neste ano, contra os anunciados 4,25% da meta do governo. Castelo Branco diz que essa meta não é excessiva, porque o déficit nominal ainda é de 2,6% do PIB. Ele afirma que uma postura mais agressiva da política fiscal seria anunciar um superávit primário maior.