Título: Pizzolato anuncia saída do Banco do Brasil
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 15/07/2005, Política, p. A8

O diretor de marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, anunciou ontem sua aposentadoria - e se tornou o terceiro nome ligado ao PT a deixar a instituição em duas semanas. Ligado ao ministro Luiz Gushiken, da Secretaria de Comunicação, ele é apontado como responsável pela compra, com dinheiro do banco, de R$ 70 mil em ingressos de um show da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano na churrascaria Porcão, com arrecadação revertida ao partido. Na semana passada, outros dois executivos ligados ao PT já haviam deixado a direção do BB - os vice-presidentes de Varejo, Edson Monteiro, e de Finanças e Mercado de Capitais, Luiz Eduardo Franco de Abreu. É provável que, nos próximos dias, também saia o presidente do Banco Popular do Brasil, Geraldo Magela, que já anunciou que não abre mão de sua candidatura em 2006 ao governo do Distrito Federal. Pizzolato, que foi funcionário do BB durante 31 anos, já havia tido seus poderes na diretoria de marketing esvaziados parcialmente no ano passado, após o episódio do show no Porcão, com a criação de uma instância colegiada para decidir os projetos de patrocínio. O banco deverá anunciar hoje o novo diretor de marketing - que, pelo que tudo indica, será um funcionário de carreira da própria instituição. Embora já tenham saído três nomes ligados ao partido, o BB nega que as saídas dos executivos representem um movimento de "despetização" do banco. Monteiro, um funcionário de carreira do banco com perfil técnico, entrou na diretoria colegiada do banco graças ao apoio do partido. Sua saída está ligada a desentendimentos com os funcionários do banco, em virtude das metas ambiciosas fixadas para as redes de agências. Franco de Abreu foi presidente do Banco Regional de Brasília (BRB) na gestão de Cristovam Buarque no governo do DF. Oficialmente, o BB justifica sua saída a razões pessoais - ele quer mais tempo para ficar com a família e com o filho, nascido há um ano. Ainda permanecem na diretoria colegiada do BB pelo menos três nomes vinculados ao PT: o vice de Crédito, Controladoria e Risco Global, Adézio de Almeida Lima; o vice-presidente de Gestão de Pessoas e Responsabilidade Socioambiental, Luiz Oswaldo Sant'lago Moreira de Souza; e o vice-presidente de Tecnologia e Logística, José Luiz de Cerqueira César. De qualquer forma, com as mudanças, os nomes ligados ao PT deixaram de ser maioria, e portanto não têm peso suficiente para determinar os rumos nas reuniões da diretoria colegiada. O presidente do BB, Rossano Maranhão, indicou técnicos de sua confiança para substituir Monteiro e Franco de Abreu. Também designou um interino para ficar à frente da vice-presidência Internacional e Atacado, que até fins de 2004 era ocupada por ele próprio. A diretoria colegiada é composta também por um nome técnico na área de Agronegócio e Varejo, Ricardo Conceição. O antecessor de Maranhão na presidência do BB, Cássio Casseb, não teve a oportunidade de nomear a sua diretoria. Quando convidado para o cargo, o PT já havia definido a diretoria colegiada, com nomes do partido e alguns técnicos.