Título: Brinquedo chinês quebra a cabeça de fabricante local
Autor: Carolina Mandl e Talita Moreira
Fonte: Valor Econômico, 18/07/2005, Empresas, p. B1

Maior fabricante de brinquedos do país, a Estrela tem sido alvo de uma enxurrada de pedidos de falência nos últimos meses. A Tec Toy, que produz jogos eletrônicos e DVDs, saiu de um processo de concordata em 2000, mas só registrou prejuízos desde então. As empresas apontam um inimigo comum para justificar sua delicada situação financeira - a concorrência dos produtos chineses - e alegam que muitos chegam ao Brasil contrabandeados. "É um câncer na indústria", afirma o diretor de marketing da Estrela, Aires Fernandes. O governo brasileiro estabeleceu salvaguardas à importação de brinquedos tem até meados de 2006. Mudanças nos hábitos das crianças e o desempenho ruim da economia também são obstáculos, segundo as empresas. "Divertimento faz parte do que sobra do orçamento. Quando há um aperto, é uma das primeiras coisas a ser cortadas", diz Stefano Arnhold, presidente do conselho de administração da Tec Toy. Com pouca liquidez, as ações da Estrela ensaiaram uma retomada no ano passado, mas o movimento não se sustentou. Os papéis preferenciais, que chegaram a valer R$ 3,3 em outubro, fecharam em R$ 0,80 na quinta-feira. "Esperávamos um cenário melhor", diz Fábio Alperowitch, sócio-diretor da Fama Investimentos, que comprou ações em 2003 e 2004 e detém cerca de 20% do capital da Estrela. As empresas tiveram de ajustar o foco. A Estrela passou a se concentrar em brinquedos para a primeira infância, menos vulneráveis a modismos, e nos licenciamentos. A Tec Toy apostou nos DVDs e karaokês que, em 2004, representaram a maior fatia da receita. A empresa também está desenvolvendo jogos para celulares. (TM)