Título: CSN busca fim de sobretaxa nos EUA
Autor: Ivo Ribeiro e Raquel Balarin
Fonte: Valor Econômico, 18/07/2005, Empresas, p. B7

Siderurgia Decisão, a sair em agosto, viabilizará exportação de bobina a quente para sua laminadora em Indiana

A Cia. Siderúrgica Nacional (CSN) espera obter do Departamento de Comércio dos EUA até o fim de agosto a revisão da alíquota anti-dumping aplicada na exportação, ao mercado americano, de bobinas de aço laminadas a quente. Com isso, a empresa poderá abastecer sua laminadora local, que fica no Estado de Indiana, na cidade de Terre Haute. A sobretaxa aplicada ao produto é de 41,2%. "Isso inviabiliza enviar o material", afirmou Benjamin Steinbruch, presidente da CSN. O empresário explicou que a saída tem sido enviar a matéria-prima bruta (placa) e contratar com laminadores locais o beneficiamento ("tolling") do material para laminado a quente. "O custo chega a US$ 160 a tonelada, que somados com gastos de logística torna nosso produto final mais caro que o da concorrência", disse. A CSN USA, adquirida em 2001, está apta a fazer 1 milhão de toneladas por ano - 700 mil de laminado a frio (sendo 300 mil de material para aplicação direta em carrocerias de automóveis e bens de linha e 400 mil para linhas de galvanização) e 300 mil de aços galvanizados. Esse último produto é também usado por montadoras e fabricantes de eletrodomésticos. A placa de aço, que sai da usina de Volta Redonda (RJ), é vendida aos EUA por cerca de US$ 400 a tonelada. Somados o "tolling", custos logísticos e o beneficiamento final na CSN USA, a "margem de ganho desaparece", conforme explicou Steinbruch. "Por conta disso, estamos operando com ociosidade de 30% a 40% da capacidade da laminadora", informou Marcos Marinho Lutz, diretor-executivo de Infra-estrutura e Energia da CSN. Há cerca de dois meses, Lutz foi também promovido a diretor da operação americana. Steinbruch está otimista com o desdobramento final dos técnicos americanos. Ele disse que há um caso precedente: a siderúrgica sul-coreana Posco conseguiu liberação da sobretaxa na exportação de bobina a quente para suprir uma unidade própria nos EUA. O entendimento foi de que, ao ter uma unidade local, a Posco não estaria concorrendo com fabricantes americanos e, portanto, não haveria a necessidade da sobretaxa. Para Steinbruch, a decisão sobre a Posco vai ajudar a tomada de cisão favorável à sua siderúrgica. Lutz informou que as autoridades americanas, em março, fizeram a primeira revisão, que teve resultado preliminar "zero". Ou seja, se repetir a decisão, a CSN fica desobrigada de recolher 41,2% sobre o preço da tonelada de bobina a quente para vender o produto nos EUA. É essa revisão final que é aguardada para o mês de agosto. A aplicação do anti-dumping às bobinas a quente oriundas do Brasil foi tomada em 1999 e atingiu também os embarques da Usiminas e de sua controlada Cosipa. No ano passado, após completar os cinco anos previstos na pena comercial, a medida foi revista e mantida nos mesmos níveis de alíquotas. A CSN entrou com processo administrativo argumentando a compra de uma fábrica local e que seu objetivo agora era abastecer essa unidade com o produto. A decisão de 1999, informou Lutz, também abrangeu sobretaxa por conta de "subsídios" dados pelo governo brasileiro de meados dos anos 80 até 1991, quando a CSN, Usiminas e Cosipa ainda eram estatais. Para a CSN, a alíquota é de 6,37%. Nesse caso, há um período de 15 anos para ocorrer sua depreciação, observa o executivo. "Vamos esperar 2006 para entrar com um pedido formal de revogação da medida", afirmou Lutz. A CSN pretende fazer novas investidas no mercado americano, segundo Steinbruch. Mas, antes, ele quer aperfeiçoar sua operação no Brasil. Não está descartada a construção de uma pelotizadora. (Colaborou Patrícia Nakamura, de São Paulo)