Título: Faturamento de cooperativas deve ser afetado
Autor: Alda do Amaral Rocha
Fonte: Valor Econômico, 18/07/2005, Agronegócios, p. B12

A combinação de preços mais baixos dos grãos, real valorizado e seca em algumas regiões do Paraná irá afetar o faturamento das cooperativas do Estado este ano. O presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini, afirma que o recebimento de produtos agrícolas este ano deve ficar praticamente estável em relação a 2004 - quando o volume atingiu 4,5 milhões de toneladas, mas "o problema é o preço". Segundo ele, em 2004, a Coamo, de Campo Mourão, faturou US$ 500 milhões só com as exportações do complexo soja, milho, algodão e café. Para um volume semelhante este ano, as exportações vão gerar cerca de US$ 350 milhões, calcula. Além da queda em dólar, observa Gallassini, a receita em reais com as vendas externas também é menor por conta da valorização da moeda brasileira ante o dólar. O resultado, afirma ele, deve ser uma redução ao redor de 20% no faturamento global da cooperativa, que foi de R$ 3,9 bilhões no ano passado. O presidente da Cocamar, Luiz Lourenço, afirma que o faturamento "talvez caia um pouco". Sem arriscar números, ele reconhece que "será difícil empatar com o ano passado". Em 2004, a Cocamar teve uma receita bruta de R$ 1,2 bilhão. Segundo o superintendente comercial da Cocamar, Celso Carlos dos Santos Júnior, o faturamento mensal da cooperativa até agora está na ordem de R$ 70 mil por conta da queda dos preços e do atraso na comercialização dos grãos. Mantido esse ritmo, a receita cairia, mas Santos Júnior afirma que a expectativa é de que a receita mensal aumente à medida em que a comercialização, que está atrasada, se normalizar. No caso da Cocamar, o impacto sobre a receita se deve basicamente aos preços mais baixos dos grãos, já que o recebimento de soja em 2004/05 é até maior do que em 2003/04, apesar da seca. Serão 563 mil toneladas - a Cocamar previa 600 mil - ante 520 mil toneladas em 2003/04. Já o recebimento de milho safrinha deve cair na região da Cocamar, de 400 mil toneladas em 2004 para 300 mil este ano. Outro efeito da crise do setor para as cooperativas é o aumento da inadimplência por parte dos produtores. Com queda na receita obtida com a produção agrícola e tentando renegociar dívidas de custeio e investimentos, parte dos agricultores também atrasa o pagamento às cooperativas. De acordo com o presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini, a inadimplência "normal" fica em torno de 3%, mas chega a 20% atualmente. Valdomiro Bognar, vice-presidente da Coopermibra, de Campo Mourão, afirma que a inadimplência dos produtores com a cooperativa atinge 8%. Em outros anos, segundo Bognar, era praticamente zero. A expectativa do setor, agora, é que os níveis de inadimplência recuem após a decisão das indústrias de insumos de ser avalistas dos produtores nas linhas de crédito de R$ 4 bilhões, com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), criadas pelo governo para refinanciar dívidas agrícolas da safra 2004/05. (AAR)