Título: Transgênico vira opção para cortar os custos
Autor: Alda do Amaral Rocha
Fonte: Valor Econômico, 18/07/2005, Agronegócios, p. B12

Após um período de altos e baixos, os produtores não querem dar nenhum passo em falso, e o principal objetivo é reduzir custos e riscos na próxima safra. O plantio de soja transgênica será uma das alternativas escolhidas pelos produtores do noroeste do Paraná na tentativa de reduzir custos. "O produtor quer experimentar", observa José Aroldo Gallassini, presidente da Coamo, acrescentando que a redução no custo de produção em relação à soja convencional é de cerca de 15%. Escaldado por uma quebra de quase 50% na safra de soja por causa da seca, o produtor Osmar Vicente afirma que vai plantar "só soja transgênica" se houver sementes disponíveis. Pelos seus cálculos, mesmo com o pagamento da taxa tecnológica - um tema ainda indigesto para os produtores -, vale a pena plantar a soja modificada. Ele estima que o custo do royalty mais a aplicação de herbicidas, o gliflosato, fique em R$ 160 por alqueire - a soja modificada necessita de menos aplicações. No caso da soja convencional, gastaria R$ 250 a R$ 300 por alqueire só com a aplicação dos herbicidas, afirma. Norberto Corrent, de Mamborê, afirma que vai plantar 8% da área destinada à soja - de 131 alqueires - com o grão modificado. O objetivo é combater ervas daninhas, diz Corrent, cuja lavoura de soja teve quebra de 40% por causa da seca. Corrent e Vicente são cooperados da Coamo, que está disponibilizando sementes transgênicas para venda a seus associados. Serão 150 mil sacas de sementes de soja Roundup Ready. Para Luiz Lourenço, presidente da Cocamar, cooperativa que também comercializará sementes modificadas para plantio em 2005/06 - cerca de 50 mil sacas -, o produtor tem "curiosidade" para plantar, mas terá de enfrentar as restrições impostas pelo governo paranaense aos embarques de soja transgênica pelo porto de Paranaguá. Essas restrições e o pagamento dos royalties à Monsanto ainda deixam o produtor "em cima do muro", acredita Valdomiro Bognar, da Coopermibra. Nesse quadro, Martin Zimmermman, que é cooperado da Coopermibra, já tomou sua decisão. Em 2004/05, plantou apenas soja em 325 hectares em Luiziana, no noroeste paranaense. Na safra nova, vai dedicar dois terços dessa área à soja e o restante ao milho, para reduzir seus riscos. Metade da área destinada à soja será semeada com grãos modificados e a outra, com convencional, segundo ele. Para Flávio Turra, gerente técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), a área de soja e milho deve se manter no Estado na próxima safra. Em 2004/05, foram 4,080 milhões de hectares de soja e 1,280 milhão de hectares de milho. Mas ele não descarta alguma migração da soja para o milho. Isso não deve ocorrer nas regiões norte e noroeste do Estado, no entanto, porque essas regiões tradicionalmente plantam milho na safra de inverno ou safrinha. Turra observa que a atual relação entre os preços de milho e soja já começa a estimular o cultivo do primeiro nas regiões que plantam milho no verão. "Quando a relação é menor do que dois para um, começa haver interesse pelo o milho", diz. Atualmente, o produtor do Paraná recebe, em média, R$ 16,46 pela saca de milho e R$ 30,17 pela saca de soja, segundo o Deral. (AAR)