Título: CPI dos Bingos quebra sigilos de Carlinhos Cachoeira
Autor: Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 20/07/2005, Política, p. A8

A CPI dos Bingos quebrou ontem os sigilos bancário, fiscal e telefônico do empresário do ramo lotérico Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e de outras sete pessoas. O mesmo já havia sido feito na semana passada com o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, Waldomiro Diniz. Também foram quebrados os sigilos da multinacional Gtech do Brasil, que presta serviços para a Caixa Econômica Federal na área de loterias, e de mais duas empresas. Outros requerimentos aprovados determinam ainda que sejam vasculhadas as contas e ligações de Henrique Giannelli, Ralph Barket e Rogério Tadeu Buratti. Giannelli é advogado no escritório que presta serviços à Gtech. Barket, falecido em junho de 2003, teria trocado cerca de 500 telefonemas com Buratti por ocasião da renovação do contrato da multinacional com a CEF. Buratti foi secretário do ministro Antonio Palocci quando ele era prefeito de Ribeirão Preto. A CPI tomou ontem o depoimento de José Vicente Brizola, filho de Leonel Brizola e presidente da Loteria do Estado do Rio Grande do Sul (Lotergs) no governo de Olívio Dutra. Ele confirmou as denúncias que fez no início do ano passado, repetidas depois em oitivas na Polícia Federal, no Ministério Público e na Assembléia Legislativa do Estado. Brizola afirmou que bingos e loterias destinaram recursos para o financiamento ilegal das campanhas do PT no Rio Grande do Sul e mencionou especialmente a ex-senadora Emília Fernandes, que tentava renovar o seu mandato em 2002. Ele disse ter sido procurado por Emília e pelo filho dela, Carlos Fernandes, com um pedido de que arrecadasse recursos com operadores de jogos. O ex-presidente da Lotergs garantiu que recusou a solicitação, mas apresentou os empresários de jogos a Emília e Carlos. Teriam sido levantados entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões. Ele afirmou ainda que R$ 600 mil utilizados na compra da sede do PT gaúcho foram provenientes de recursos que também financiavam o "caixa dois" de políticos petistas no Estado. Brizola procurou não envolver diretamente o ex-ministro José Dirceu, mas insistiu que "é óbvio que havia alguém comandando o Waldomiro". Na semana passada, Cachoeira afirmou que várias vezes foi achacado por Diniz. Brizola disse ter sido ameaçado e ter tido a sua casa invadida após o início das denúncias, com o furto de seu computador pessoal e de pastas cheias de documentos.