Título: Samsung acerta com Corinthians e é a quinta do setor a investir em futebol
Autor: Nelson Niero
Fonte: Valor Econômico, 20/07/2005, Empresas & Tecnologia, p. B1

A Samsung fechou o maior contrato de patrocínio esportivo já realizado no Brasil. Por US$ 6,5 milhões ao ano, a fabricante de eletroeletrônicos estampará a marca na camisa do segundo maior time em torcida do país, o Corinthians. Além dos valores envolvidos, a entrada da Samsung no futebol brasileiro chama a atenção também por criar uma situação inusitada. Nunca, tantas empresas de um mesmo setor - cinco no total - estiveram presentes nas camisas de times de futebol simultaneamente. Assim é com as fabricantes de eletroeletrônicos LG, que exibe sua marca na camisa do tricampeão da Libertadores da América, o São Paulo; da Panasonic, que está na camisa do Santos; da Siemens, que patrocina o Cruzeiro, e da Kyocera que dá seu nome ao estádio e patrocina o Atlético Paranaense Para o diretor de marketing da Informídia Pesquisas Esportivas, Rafael Plastina, a disputa no mercado de celulares é o principal impulsionador do "boom" eletrônico no futebol. E o marketing esportivo, em especial o futebol, alcança todos os públicos - independente de classe social, faixa etária ou sexo. "Ao mesmo tempo em que ganha visibilidade para a marca, por conta da exposição na mídia, o patrocinador conquista o direito de realizar uma série de promoções com os jogadores e seus clientes". São os chamados eventos de relacionamento que empresas como Siemens e LG aproveitam bem. A multinacional alemã, que patrocina o Real Madrid, vai lançar uma promoção para o Dia dos Pais. "Na compra de um celular Siemens, o consumidor concorre a uma viagem à Espanha para assistir ao vivo um jogo do Real e ainda visitar os vestiários, tirar foto com os jogadores. Qualquer empresa pode dar uma viagem e ingressos para um jogo. Mas promover essa interação com os jogadores, só quem patrocina", resume José Geraldo Coscelli, diretor de vendas e trade marketing da Siemens. "Esse patrocínio beneficia não só a divisão de celulares. Fazemos ações envolvendo presidentes de empresas que são clientes das unidades de energia ou de produtos hospitalares". A Kyocera Mita, ainda não tem escritório e equipe no Brasil, mas foi rápida em garantir sua presença nos gramados brasileiros. Desde o início deste ano a empresa patrocina o Atlético Paranaense. Seu diretor de marketing e comunicação, Peter Hendrick, diz que a estratégia é tornar a marca conhecida na América Latina e, em especial no Brasil. Acertou em cheio. O Atlético chegou às finais do principal torneio de futebol do continente sul-americano e a partida final da Libertadores da América, vencida pelo São Paulo na semana passada, foi transmitida para nada menos que 92 países - na europa, América Latina e Estados Unidos. "O futebol é o esporte mais popular do País e o Brasil é conhecido mundialmente por seu futebol. O patrocínio é uma tremenda oportunidade para nossa marca", diz Hendrick. A Samsung substitui a Pepsi na camisa do Corinthians e, a julgar pelos resultados obtidos pela antiga patrocinadora, o retorno promete ser bom. Segundo o diretor de marketing da Pepsi, Gustavo Siemesen, no primeiro ano de patrocínio, a Pepsi tinha 9% de participação no mercado paulista. Ao final do contrato com o "Timão", em 2004, a participação havia subido para 13%. O contrato milionário entre Corinthians e Samsung já começa a movimentar o mercado brasileiro de patrocínio esportivo. O São Paulo prepara-se para receber uma proposta da LG para renovar o contrato que mantêm e já disse que quer no mínimo o dobro do que vem recebendo há dois anos - R$ 8 milhões anuais. "Se o Corinthians que não conquista título algum recebe esse montante, é justo que o São Paulo seja remunerado à altura", diz Julio Casares diretor de marketing do clube. "Estamos felizes com o São Paulo, mas não vamos nos deixar levar pela euforia de um título. Houve época em que o São Paulo não ganhava e nós não pedimos descontos por causa disso", afirma o gerente de marketing da LG, Eduardo Toni. A disputa, como se vê, está só no primeiro tempo.