Título: BNDES investe na gestão integrada de recursos
Autor: Heloisa Magalhães
Fonte: Valor Econômico, 21/07/2005, Brasil, p. A2

O BNDES quer tornar mais eficaz e transparente o modelo de gestão e controle de processos internos para, inclusive, agilizar as operações de financiamento. Para isso, está sendo desenhada uma estratégia para a utilização do sistema conhecido no jargão da área de tecnologia da informação como "ferramenta de gestão integrada de recursos". Os custos podem chegar a R$ 75 milhões na implementação que vai ocorrer ao longo de quatro a cinco anos. Já está na rua desde 30 de junho o edital de concorrência para a escolha da consultoria, que irá acompanhar a fase prévia e depois da definição do sistema. O vice-presidente do banco, Demian Fiocca disse ao Valor que reconhece que o BNDES está chegando atrasado na era das ferramentas de gestão integrada de recursos. A vantagem disso, diz, é que o banco vai se beneficiar do aprendizado de outras instituições, uma vez que esses sistemas são de implementação complexa e quando chegam causam verdadeiras revoluções no dia-a-dia das empresas. Mais de dez grandes empresas foram visitadas pelos técnicos do BNDES , que discutiram os erros e acertos, entre elas a Companhia Vale do Rio Doce, Petrobras, Banco Central e a Prefeitura de Juiz de Fora. Os grandes pacotes em geral são fornecidos no mercado brasileiro pela SAP, Oracle, Datasul e Microsiga. Mas antes mesmo da contratação, a estratégia do banco está sendo cuidadosa. A decisão de partir para uma nova era foi em outubro de 2004, pouco antes do professor Carlos Lessa deixar a presidência. Em fevereiro, já com Guido Mantega frente à instituição, foram criados três grupos de trabalho com 40 empregados do banco para que todas as áreas acompanhassem o movimento. Em 22 de junho, a diretoria aprovou o edital de concorrência e uma empresa de consultoria vai ser contratada para rever os processos internos, focar a visão do futura na atuação do banco, propor a tecnologia e depois envolver-se na fase de implementação. De acordo com Fiocca, como a concorrência por si só já é complexa, foram escolhidos funcionários de carreira do banco, com experiência tanto operacional como administrativa para acompanhar a fase de licitação. O vice-presidente do BNDES explicou que será uma única empresa para propor e depois acompanhar a implementação para exatamente evitar questionamentos técnicos por parte dos implementadores. O objetivo é garantir o envolvimento da mesma empresa em todas as fases do processo. Hoje todo o banco é totalmente informatizado, com cada funcionário tendo o seu PC. São 2 mil computadores ligados a mainframes. Mas há sistemas estanques, separados por áreas, o que dificulta uma integração completa das atividades e às vezes leva a duplicação de trabalhos. Para visualizar o banco como um todo os grupos de trabalho foram divididos entre o formado pelos técnicos da administração, outro com a equipe focada no negócio em si. Esta identificou 51 macroprocessos internos. O terceiro grupo é fundamentalmente voltado para a licitação e o quarto foca a questão da tecnologia. Os quase 100 pedidos de financiamento que o banco recebe mensalmente passam por várias fases. Primeiro, o interessado apresenta uma carta-consulta mostrando o que pretende. A carta é enviada para a área de planejamento, onde opera o comitê de enquadramento. Se a proposta é aprovada, a empresa tem 60 dias para apresentar o projeto, que é encaminhado para a área operacional. Depois, segue para a diretoria, que bate ou não o martelo.