Título: Desemprego em SP fica estável em 17,5% pelo terceiro mês seguido
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 21/07/2005, Brasil, p. A3

Contrariando as expectativas para esta época do ano, em junho o desemprego manteve-se estável pelo terceiro mês consecutivo em 17,5% na região metropolitana de São Paulo. Nos demais anos, o movimento para este mês tende a ser de recuo no desemprego. A estabilidade na taxa veio acompanhada de sinais negativos. Foram menos 15 mil ocupados, sendo que 31 mil empregos com carteira foram fechados e mais 19 mil sem carteira assinada. Somente o emprego autônomo mostrou crescimento, com mais 38 mil vagas, sustentando o nível de ocupação. Na análise por setores, a pesquisa realizada em parceria pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) e pela Fundação Seade, apontou que o comércio teve redução de 44 mil postos, enquanto a indústria abriu 5 mil vagas e os serviços contrataram mais 17 mil pessoas. Mesmo com elevação tímida, o nível de ocupação na indústria é o mais alto desde junho de 1995. Para Clemente Ganz Lucio, diretor-técnico do Dieese, "a ausência do efeito renda dificultou a vida do comércio, especialmente dos ramos ligados a alimentos, calçados e têxteis". A estabilidade do emprego industrial também preocupa, pois é o setor mais dinâmico e que tem puxado o nível de emprego nos últimos meses. A queda dos postos de trabalho com carteira assinada ocorreu pelo segundo mês consecutivo. Na avaliação de Lucio, o mês de junho trouxe uma conjunto de indicadores que apontam para um cenário de dúvidas e insegurança para o mercado de trabalho. "Olhando para o desempenho do ano passado e para as expectativas no começo deste ano, já esperávamos recuo no desemprego a partir de junho", disse. Para julho, Alex Loloian, do Seade, não espera uma mudança significativa no cenário. Com juros estáveis em 19,75% ao ano e o câmbio apreciado, os investimentos e possíveis contratações devem seguir represados, diz. O crescimento do nível de emprego em 2004 deveria se refletir no rendimento recebido pelos ocupados, mas isso não tem ocorrido. Apesar da maior escolaridade da população e da ocupação crescer em ritmo mais forte para quem tem melhor nível de instrução, os salários crescem pouco ou ficam quase estáveis. Em maio, o rendimento médio real pago aos assalariados subiu apenas 0,5% sobre abril e passou a R$ 1.107. O dos ocupados, que inclui autônomos, caiu 0,4% e ficou em R$ 1.024. O número ainda alto de desempregados faz com que as pessoas aceitem empregos com salários menores. Em relação ao ano passado, a situação da renda é ainda pior, com queda de 3,2% para os ocupados e de 1,7% para os assalariados. A massa de rendimentos dos ocupados, produto da ocupação pela renda, ficou estável, com leve alta de 0,3% em relação a abril.