Título: Lula lança Projovem e divide manifestantes em visita ao Recife
Autor: Paulo Emílio
Fonte: Valor Econômico, 21/07/2005, Especial, p. A12

A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem ao Recife dividiu manifestantes. Enquanto parte do grupo, avaliado pela Polícia Militar em 300 pessoas, formado basicamente por integrantes do PSTU e estudantes, gritava palavras de ordem e pedia o fim da corrupção, militantes petistas e integrantes de movimentos populares defendiam Lula e seu governo. A manifestação dividida aconteceu no campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) onde Lula lançou o Projeto Projovem, voltado para complementar o ensino fundamental de jovens que abandonaram a escola. O segundo compromisso do presidente no Recife foi a inauguração do Centro Regional de Ciências Nucleares (CRCN) e lançar o Projeto Projovem. Neste ato, Lula fez um balanço dos 30 meses de sua gestão. A referência à crise política surgiu de forma velada, em meio a um discurso improvisado quando ele disse reconhecer as dificuldades pelas quais passava o Brasil, "mas que o País não irá fugir ao seu destino". Ele comentou, ainda, que faz a separação das perspectivas nacionais "com as confusões políticas que estão aí. Estou otimista e feliz", afirmou. No início da manhã, Lula tomou café da manhã com o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB). Durante o encontro, eles conversaram sobre a conjuntura. Segundo o governador, Lula mostrou-se preocupado com a possibilidade das investigações em andamento sobre as denúncias de corrupção paralisarem o andamento das votações no Congresso e solicitou apoio para evitar essa situação. Lula teria pedido ao governador que entrasse em contato com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP), e com a bancada estadual para evitar a paralisia do Congresso. Eles também conversaram sobre a implantação de uma refinaria de petróleo no Estado. Jarbas disse que Lula teria ficado de voltar a Pernambuco entre os meses de agosto e setembro acompanhado do presidente venezuelano Hugo Chavez para realizar o anúncio formal. Em seguida, o presidente visitou o deputado federal Ricardo Fiúza (PP), que encontra-se acamado realizando tratamento de pâncreas e o deputado federal e presidente nacional do PSB, Miguel Arraes, que encontra-se internado com infecção pulmonar. A inauguração do CRCN foi o único local onde Lula abordou questões políticas em público. Em seu discurso, ele elogiou os "meninos de Pernambuco" - Eduardo Campos (ministério da Ciência e Tecnologia que está deixando a pasta hoje), Carlos Wilson (presidente da Infraero que também está deixando o cargo) e Humberto Costa (ex-ministro da Saúde, que compareceu ao evento) - , dizendo que eles foram "importantíssimos" para o governo. Ainda sobre a crise, Lula disse que seu projeto político incomoda porque gasta R$ 7 bilhões por ano com a população mais carente. Ele afirmou ainda que, é mais difícil governar para 180 milhões de brasileiros do que para apenas 40 milhões, como em governos anteriores. Lula acrescentou que sob sua tutela foram criados 3,1 milhões de empregos em apenas 30 meses. De acordo com o presidente, entre 1994 e 2002 apenas 737 mil empregos com carteira assinada foram criados.